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França

Fim-de-semana de mobilização em França depois do recurso ao 49.3

Depois do recurso ontem do governo ao artigo 49.3, fazendo passar a sua polémica reforma do sistema de aposentações sem voto no parlamento e antes das duas moções de censura da oposição serem submetidas aos deputados na segunda-feira, este fim-de-semana é de mobilização um pouco por toda a França. Já ontem à noite, realizaram-se manifestações espontâneas em vários pontos do país e nomeadamente em Paris, junto da assembleia nacional, com alguns confrontos com a polícia. 

Manifestação ontem, 17 de Março de 2023 na Place de la Concorde, junto ao parlamento, em Paris para protestar contra a utilização pelo governo francês do artigo 49.3.
Manifestação ontem, 17 de Março de 2023 na Place de la Concorde, junto ao parlamento, em Paris para protestar contra a utilização pelo governo francês do artigo 49.3. REUTERS - GONZALO FUENTES
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De acordo com as forças da ordem, a manifestação de ontem à noite junto ao parlamento na capital, foi marcada por alguma violência e resultou em 61 detenções. Em Lyon, uma das principais cidades do país, um grupo de manifestantes irrompeu dentro de um edifício público e tentou incendiá-lo mas a polícia apagou o fogo e refere ter detido 36 pessoas.

Ainda antes do nono dia de apelo à greve previsto para 23 de Março, ao longo deste fim-de-semana, já a partir desta tarde, estão previstas um pouco por todo o lado, Paris, Marselha, Brest, Toulon e Montpellier, outras marchas para exigir o recuo do governo quanto à sua polémica reforma que faz passar a idade mínima da aposentação dos actuais 62 anos para 64.

Depois do bloqueio da recolha do lixo em Paris ter sido reconduzido até pelo menos à próxima terça-feira -incluída- é a vez de as refinarias também aumentarem a pressão.

Até agora, os grevistas deste sector apenas bloqueavam o transporte da produção. Agora, são pelo menos duas refinarias, a da Total em Gonfreville-l'Orcher (no noroeste) e a da Petrolneos em Lavéra (no sudeste) que poderiam ser totalmente paralisadas no mais tardar a partir de segunda-feira.

Perante esta eventualidade, o ministro francês da indústria Roland Lescure, já avisou que o executivo poderia proceder a requisições, como aconteceu em certos casos relativamente à recolha de lixo em Paris onde se acumulam cerca de 10 mil toneladas de detritos segundo a autarquia.

Apesar de a reforma ser largamente rejeitada pela população francesa e apesar de estar longe de ter convencido a classe política, o governo optou pela passagem em força ontem no parlamento com o recurso ao artigo 49.3 que valida projectos de lei sem voto dos deputados.

Logo depois, um conjunto de partidos de oposição apresentou uma moção de censura, sendo seguida pela extrema-direita de Le Pen que apresentou a sua respectiva moção. Ambas deverão ser submetidas na tarde de segunda-feira aos parlamentares, sendo que a extrema-direita já disse que votaria a favor da moção de censura apresentada pelo campo adverso.

Para provocar a queda do governo, uma moção de censura precisa de uma maioria absoluta de 287 votos, ou seja todos os votos da oposição, mais uns 30 votos do campo dos republicanos, cujos 61 deputados têm garantido até agora, juntamente com a bancada do partido presidencial, a estabilidade do executivo de Macron.

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