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França

Regresso ao trabalho sob pressão para empresas francesas

Elisabeth Borne apelou esta tarde à "responsabilidade colectiva" em termos de poupança de energia, apelando a cada empresa para que estabeleça o seu próprio "plano energético" a partir de Setembro.

Primeira-ministra, Elisabeth Borne com o representante dos empresários franceses (Medef), Geoffroy Roux de Bézieux, 29 de Agosto de 2022.
Primeira-ministra, Elisabeth Borne com o representante dos empresários franceses (Medef), Geoffroy Roux de Bézieux, 29 de Agosto de 2022. AP - Francois Mori
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A primeira-ministra reuniu esta tarde de segunda-feira, 29 de Agosto, com empresários franceses (Medef). Um discurso sobre a esperada “transição energética”, pedida pelo Presidente Emmanuel Macron, mas também sobre as perspectivas económicas e sociais. 

 "Já não é tempo para meias medidas, já não é tempo de agir cada um por si, é a hora da responsabilidade colectiva", afirmou a primeira-ministra aos empresários franceses.

Para "superar o risco de vir a faltar de gás neste inverno devemos agir o mais rápido e com mais força", acrescentou, convidando o Estado, as empresas e os particulares a "preferirem as poupanças aos cortes".

Elisabeth Borne exortou ainda as empresas a estabelecerem "planos energéticos" em Setembro, consistindo em reduzir o consumo em 10% ao longo de dois anos, de forma a evitar que o governo imponha "reduções no consumo".  Uma primeira avaliação destes mesmos planos vai ser feita "no início de Outubro".

Na entrevista publicada este domingo no diário francês Le Parisien, Elisabeth Borne alertou as empresas que lucram com a inflação: não escondeu a possibilidade de criar um imposto sobre os super lucros. A menos que estas empresas reúnam esforços para baixar os preços e criar novos postos de emprego.

Em Metz, no sábado, durante uma reunião com membros do governo d'A República em Marcha, a primeira-ministra alertou os empresários para: “a incerteza vai ser a nossa vida diária, com crises regulares, e ainda assim teremos que avançar. O nosso país tem força para suportar tempestades. Cada um terá que fazer sua parte. As empresas, em particular, terão de assumir responsabilidades e tornar os empregos mais atractivos e melhorar as condições de trabalho".

O Conselho de Estado está a analisar dois decretos sobre a extinção de publicidade luminosa à noite e sobre a diminuição do consumo de ar condicionado nas empresas, lembra Carlos Vinhas Pereira, presidente da Câmara do Comércio e Indústria Franco-Portuguesa.

"Um dos temas principais neste momento é o pedido que vai fazer o governo às empresas para baixarem de 10% o consumo de energia, preparando consequências dos cortes eventuais que a Rússia poderá fazer", aponta Carlos Vinhas Pereira, lembrando que "vai haver dois decreto que já se falaram sobre publicidade luminosa e fechar as portas quando o ar condicionado está ligado.

Estes são pedidos dirigidos "às empresas, mas também a todos os franceses", sublinha o presidente da Câmara do Comércio e Indústria Franco-Portuguesa. "Os empresários estão dispostos a fazer alguns esforços para participar neste esforço nacional e está interligado como a aposta nas energias verdes", concluiu.

01:08

Carlos Vinhas Pereira, presidente da Câmara do Comércio e Indústria Franco-Portuguesa

Aumentar os salários

Faltam empregos na área hoteleira, na construção ou na assistência pessoal, mas também nos cargos de gestão. Os empresários também enfrentam um aumento nas demissões: quase meio milhão de franceses deixaram seus empregos no primeiro semestre de 2022, um recorde desde a crise de 2008. Os funcionários estão cada vez menos relutantes em mudar de emprego, mesmo quando estão no CDI.

Esta segunda-feira a Medef, a principal organização de empresários franceses, estão reunidos durante dois dias no hipódromo parisiense de Longchamp, durante os quais vão ser debatidas duas questões: a da inflação e a da dificuldade em recrutar no mercado de trabalho frágil.

Quanto às contratações, para superar as dificuldades, a consultoria WTW recomenda que as empresas sejam mais flexíveis no teletrabalho, para oferecer horários flexíveis. Perante a inflação, a consultoria também aconselha os empresários a aumentar os salários, medida que 96% das empresas francesas já implementaram segundo a a WTW, com um aumento de 3,1% em média. Com a inflação a atingir 6% no mês passado, em Julho, os aumentos salariais devem continuar.

Há precisamente um ano, as empresas francesas viviam uma euforia perante a recuperação da economia francesa. O início do ano lectivo de 2022 promete ser muito menos optimista.

Apostar numa “transição energética”, pediu o Presidente da República à sua primeira-ministra. A chefe de governo convocou os empresários a quem vai pedir uma "mobilização geral” para uma rápida transição energética. Uma primeira avaliação das acções das empresas para reduzir o consumo de energia que deve ser feita até ao final do mês de Setembro e Outubro, segundo Matignon.

A primeira-ministra lembrou, na entrevista ao Le Parisien, que não vai “controlar os franceses em casa” relativamente às poupanças de energia, acrescentando que “em relação às empresas haverá constrangimentos de bom senso”.

O Conselho de Estado está a analisar dois decretos sobre a extinção de publicidade luminosa à noite e sobre a diminuição do consumo de ar condicionado nas empresas. Nas próximas semanas, a França pode vir a tomadas medidas mais restritivas para reduzir o consumo de energia, perante o possível corte de fornecimento de gás da Rússia.

“As empresas têm um papel a desempenhar”, assegura o presidente da Medef, Geoffroy Roux de Bézieux, numa entrevista ao conservador Le Figaro publicada nesta segunda-feira. “O plano de redução de energia, que está a ser debatido, prende-se sobretudo com dois temas: a temperatura nos escritórios (…) e a mobilidade diária, apostando em soluções de transporte alternativos ao automóvel individual”, explica.

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