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#Angola

“Cuba quer manter a chama acesa” na África Austral

O Presidente de Cuba começou, esta segunda-feira, uma visita oficial a Angola para o reforço da cooperação bilateral. Miguel Mario Díaz-Canel Bermúdez vai também deslocar-se a Moçambique, Namíbia e África do Sul, onde vai participar na cimeira do bloco BRICS. “Cuba quer manter a chama acesa” na África Austral, resumiu à RFI Sérgio Calundungo, coordenador do Observatório Político e Social de Angola.

Presidente de Cuba, Miguel Diaz-Canel, e João Lourenço, Presidente de Angola. Palácio Presidencial, Luanda, 21 de Agosto de 2023.
Presidente de Cuba, Miguel Diaz-Canel, e João Lourenço, Presidente de Angola. Palácio Presidencial, Luanda, 21 de Agosto de 2023. © LUSA - Ampe Rogério
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O Presidente cubano, Miguel Mario Díaz-Canel Bermúdez, iniciou, esta segunda-feira, uma visita a Angola, mas também se vai deslocar a Moçambique, Namíbia e África do Sul. Em Joanesburgo, o chefe de Estado cubano vai participar, esta semana, na cimeira do bloco BRICS – formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O chefe de Estado cubano vai participar na qualidade de presidente rotativo do Grupo dos 77 e China (um bloco de países em desenvolvimento). Na opinião do analista Sérgio Calundungo, o objectivo do périplo africano é que Cuba mantenha “a chama acesa do ponto de vista das relações que historicamente deteve com países como Angola, Moçambique, aliás quase todos os países da África Austral”.

“Não tenho dúvidas de que Cuba quer, no mínimo, manter a chama acesa do ponto de vista das relações que historicamente deteve com países como Angola, Moçambique, aliás quase todos os países da África Austral. O desfecho da situação militar e política da África Astral também tem, um pouco, as marcas indeléveis da presença militar cubana. A Namíbia ficou independente e parte do que vemos do evoluir da situação na África do Sul com a queda do regime racista teve uma forte presença cubana. Eu acho que Cuba quererá manter um pouco esta imagem positiva que deixou na região, em determinados ciclos”, destaca Sérgio Calundungo, coordenador do Observatório Político e Social de Angola.

A ascensão dos BRICS ilustra a emergência de um mundo multipolar, expressão que concentra a persistente oposição dos dois países ao “hegemonismo” ocidental, e em particular, dos Estados Unidos. Ou seja, “embora o mundo já não tenha aquela mesma face bipolar de outros tempos, começam a surgir outros actores que representam - para aquilo que seriam os interesses diplomáticos de Cuba - uma alternativa”, acrescenta Sérgio Calundungo.

O reforço da cooperação bilateral estratégica vai dominar a visita a Angola do Presidente cubano, que chegou este domingo a Luanda e já se reuniu com o seu homólogo angolano, João Lourenço. Havana e Luanda têm intensas relações históricas desde a independência. A educação e a saúde são as duas áreas de cooperação por excelência. Oiça aqui a reportagem do nosso correspondente Avelino Miguel.

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Reportagem de Avelino Miguel de 21 de Agosto de 2023

Angola e Cuba mantêm laços históricos de amizade, tendo as relações diplomáticas entre os dois países sido estabelecidas a 15 de Novembro de 1975, com cooperação nos domínios da saúde, educação, energia, defesa, segurança, ensino superior, petróleos e indústria.

Em Abril, uma delegação governamental angolana deslocou-se a Havana, capital de Cuba, para actualização de convénios, acordos e memorandos de entendimento sectoriais de reforço do relacionamento bilateral.

Os termos de reforço da cooperação bilateral com a contraparte cubana foram avaliados entre os dois países durante a XV Sessão da Comissão Intergovernamental de Cooperação Económica Técnico-Científica, que decorreu entre 06 e 07 de Abril deste ano e em que foram assinados dois novos memorandos de entendimento nos sectores do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação e o da Juventude e Desportos.

“Eu acredito que é muito conhecido que entre angolanos e cubanos, desde o dia da nossa Independência, em 1975, que Cuba teve relações muito intensas com Angola”, relembra Sérgio Calundungo. Em causa, por exemplo, o envio de forças militares aquando do conflito interno, a formação de quadros, o envio massivo de professores, de médicos…

Além do ponto de vista histórico, do ponto de vista político, Angola sempre fez parte da lista de países que historicamente condenou o embargo a que Cuba está submetida. Quanto ao ponto de vista económico, também há uma cooperação:

“Embora Cuba não seja o principal destino das nossas exportações de petróleo, do ponto de vista económico eu sei que já houve conversações no sentido de trocar-se algumas experiências porque Cuba também anda na corrida de descobertas de petróleo na sua costa. Há também o facto de que, quando Angola tem uma situação desafogada, é susceptível de estender solidariamente a mão a Cuba. Repare que Angola ainda compra serviços - não necessariamente bens, mas muitos serviços a Cuba - e quando a economia de Angola está bem, nós vimos desembarcar em Angola mais médicos, mais professores universitários”, acrescenta Sérgio Calundungo.

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