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Angola

ONGs consideram que 90% das escolas angolanas não têm condições para reabrir

As ONGs angolanas Mosaiko e Rede Angolana de Educação para Todos apresentaram na semana passada em Luanda um relatório sobre a situação das escolas do país a poucos dias do regresso progressivo às aulas a partir do dia 5 de Outubro. De acordo com este estudo efectuado nos meses de Julho e Agosto junto dos professores e restantes funcionários das escolas de 9 das 18 províncias do país, 90% dos estabelecimentos escolares não oferecem condições suficientes de higiene para um regresso seguro às aulas no actual contexto de luta contra a covid-19.

De acordo com o governo angolano, o regresso às aulas deverá ser efectuado gradualmente a partir do dia 5 de Outubro.
De acordo com o governo angolano, o regresso às aulas deverá ser efectuado gradualmente a partir do dia 5 de Outubro. © LUSA
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"Dizemos que sim, que a educação não pode parar, mas não pode iniciar a qualquer custo" refere Vítor Barbosa, presidente da Rede Angolana de Educação para Todos para quem "as condições actuais de biossegurança ainda não são as mínimas necessárias para o arranque da escola" sendo que "esta situação já existia antes da covid".

Neste sentido, Vítor Barbosa aponta que "a grande maioria das escolas não tem água canalizada. Mesmo outras formas alternativas de terem água, são poucas as escolas que têm". O dirigente da Rede Angolana de Educação para Todos refere igualmente que "o pessoal de limpeza para garantir a higiene das escolas é pouquíssimo e, em muitas delas, nem sequer existe".

Ainda de acordo com este responsável, "também não se vê que haja neste momento um número de professores suficiente para que as turmas possam manter o distanciamento entre os alunos. Nós temos turmas com mais de 40 alunos e já se chegou a falar em 100 alunos". Na óptica de Vítor Barbosa, "isto requer que haja garantias objectivas dessas condições (de biossegurança) ".

Este estudo surge numa altura em que o governo está desde a semana passada a implementar um novo dispositivo no âmbito da luta contra a covid-19, sendo que no que tange à educação, foi decidido que o regresso às aulas a ser efectuado a partir do dia 5 de Outubro, deverá ser gradual. Segundo indicou há dias o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República de Angola, Adão de Almeida, os estabelecimentos de ensino terão de obedecer a um “conjunto mínimo de condições” que possibilitem nomeadamente o distanciamento físico entre estudantes e funcionários, passando igualmente a ser proibida a utilização de zonas comuns das escolas com forte potencial de concentração de pessoas.

Apesar de o executivo referir estar a tomar precauções, à semelhança da Mosaiko e da Rede Angolana de Educação para Todos, sindicatos de professores têm igualmente expressado alguma apreensão perante a perspectiva do regresso às aulas em plena pandemia de coronavírus. De acordo com os últimos dados disponíveis, Angola contabilizou até agora mais de 3.300 infecções e ultrapassou 130 óbitos devido à covid-19.

 

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