Angola : activistas ameaçam com greve de fome colectiva

Retomou hoje no Tribunal Provincial de Luanda o julgamento dos 17 activistas angolanos indiciados por rebelião contra o regime de José Eduardo dos Santos. 14 dos 15 activistas detidos há quase seis meses enviaram hoje uma carta ao Presidente angolano na qual ameaçam fazer greve de fome colectiva.

Julgamento dos 15+2 em Luanda Central Angola

Os 15 activistas angolanos acusados de preparem uma rebelião ameaçam hoje, em carta enviada ao Presidente José Eduardo dos Santos, que vão fazer uma greve de fome colectiva, caso a audição dos réus em julgamento não termine esta semana.

Os activistas afirmam que têm “pressa de ser condenados”, “mesmo sabendo que injustamente”, porque não há separação de poderes em Angola. Na mensagem enviada ao chefe de Estado angolano seguem várias denuncias, acusando nomeadamente os serviços prisionais de terem feito "uso excessivo de força" contra os detidos "em diversas ocasiões, algumas das quais dentro do próprio tribunal".

O julgamento teve início a 16 de Novembro na 14.ª Secção do Tribunal Provincial de Luanda, em Benfica, mas em 15 sessões diárias apenas foram ouvidos nove dos 17 réus.

Esta segunda-feira, "está a ser ouvido o décimo réu. Nas primeiras semanas houve uma falta de celeridade tal de prolongar o julgamento", descreveu a esposa do activista Luaty Beirão, Mónica Almeida.

"Apesar do esforço que vem empreendendo com a fanfarra mediática já pelo povo angolano bem conhecida que não interfere nos assuntos que competem ao poder judicial, nós já não nos deixamos embalar pelas cantigas infantis do seu regime", lê-se na carta, manuscrita.

Mónica Almeida, a esposa do músico Luaty Beirão, descreve o estado debilitado dos activistas que os levam a dirigir esta carta ao Presidente angolano; "desespero, cansaço acima de tudo e principalmente por situações que são reincidentes. Inicialmente o julgamento foi marcado para cinco dias, obviamente, que é complicado ouvir 17 pessoas sendo um caso, apesar de absurdo, merece a devida atenção e não a atenção que tem sido dada que é de abandalhar os réus que têm sido, praticamente, torturado psicologicamente."

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Mónica Almeida, esposa do músico Luaty Beirão