Obama garante que BP vai pagar pela maré negra no Golfo do México

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu que vai obrigar a British Petroleum a pagar pelos estragos causados por sua "imprudência" no vazamento de petróleo no Golfo do México. Ele aproveitou a indignação pública para pedir apoio à sua proposta de diminuir a dependência do país de combustíveis fósseis.

O presidente Barack Obama em discurso à nação sobre a tragédia da maré negra. Foto:Kevin Lamarque/Reuters

Patrícia Campos Mello, correspondente da RFI em Washington

Em pronunciamento à nação na noite de terça-feira, o presidente Barack Obama usou o vazamento de petróleo no Golfo do México para pressionar o Congresso a aprovar uma lei de energia e mudança climática. Obama também exigiu que a a gigante petrolífera British Petroleum, que opera o poço de onde o petróleo está vazando, “reserve todos os recursos que forem necessários para compensar trabalhadores e empresas afetados pela imprudência da companhia”.

Há quase dois meses o petróleo vaza de um poço localizado a cerca de 80 quilômetros da costa da Louisiana. Cientistas divulgaram uma nova estimativa para o volume de petróleo que vaza, pior que as anteriores. Segundo os dados, vazam de 5,56 milhões a 9,54 milhões de litros por dia – o cálculo anterior era de, no máximo, 8,33 milhões. O derramamento já equivale a mais de oito vezes o volume derramado pelo navio Exxon Valdez no Alasca, em 1989.

O presidente americano afirmou que nos próximos dias, ou semanas, novas medidas implementadas pela BP vão “capturar até 90% do petróleo vazando do poço”. E até o fim do verão americano, segundo Obama, estará pronto um poço auxiliar, que deve finalmente conter o vazamento. Segundo Obama, que se reúne na quarta-feira com os líderes da BP na Casa Branca, será estabelecido um “fundo de caução” de bilhões dólares, de onde serão retirados os recursos para cobrir limpeza e indenizações. O fundo será administrado por uma entidade independente. A Casa Branca também quer que a BP subsidie os salários daqueles que perderam seu sustento por causa da suspensão da pesca e das perfurações de petróleo na região. A empresa resiste à ideia.

No discurso de terça-feira, Obama falou durante 15 minutos do Salão Oval, com transmissão em rede nacional. Foi a primeira vez que ele se pronunciou do local reservado para discursos de impacto, como os feitos pelo ex-presidente George W. Bush nos atentados de 11 de setembro. O presidente americano anunciou o estabelecimento de uma Comissão Nacional para investigar as causas do desastre. “O derramamento do Golfo é como uma epidemia, que iremos combater durante meses ou até anos”, disse Obama.