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República Democrática do Congo

RDC: número de mortos nas manifestações anti Kabila gera polémica

Polémica em torno do nùmero de mortos nas manifestações de 31 de Dezembro convocadas pelos católicos laicos, para exigir que o Presidente Joseph Kabila anuncie publicamente que não serà candidato a um terceiro mandato nas eleições agendadas para 23 de Dezembro de 2018

Assinatura do Acordo de São Silvestre 31/12/2016, sob a égide da Conferência Episcopal do Congo - CENCO
Assinatura do Acordo de São Silvestre 31/12/2016, sob a égide da Conferência Episcopal do Congo - CENCO Photo MONUSCO/ John Bompengo
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Joseph Kabila no poder desde 2001, na sequência do assassínio do seu pai Laurent Désiré Kabila, foi eleito pela primeira vez em 2006 face a Jean Pierre Bemba e de novo em 2011 face a Etienne Tshisekedy, que denunciou fraudes massivas e se auto-proclamou Presidente, antes de se exilar em Bruxelas.

O mandato de Kabila terminou a 20 de Dezembro de 2016 e o acordo concluido a 31 de Dezembro de 2016, previa eleições presidenciais até Dezembro de 2017, mas em Novembro passado a Comissão Eleitoral afirmou que devido a atrasos no recenseamento, designadamente na região do Kasai, uma das mais populosas no centro do país, a eleição teria lugar a 23 de Dezembro de 2018.

A oposição considera que este prolongamento visa apenas permitir a Joseph Kabila alterar a Constituição, para se candidatar a um terceiro mandato.

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Polémica sobre número de mortos nas manifestações na RDC

esta quarta-feira (3/01) as autoridades congolesas saudaram  "o rigor, firmeza e conformidade com o direito internacional humanitário na gestão das manifestações de 31 de Dezembro", que segundo os organizadores causaram 11 mortos em Kinshasa e 1 em Kananga, no Kasaï, centro do país, dezenas de feridos e mais de 100 pessoas detidas, a ONU refere pelo menos 5 mortos, enquanto a polícia afirma que não houve mortos durante as manifestações, mas admite uma baixa no seu seio num ataque a uma esquadra e a morte de 5 bandidos e ladrões longe do palco das manifestações.

Ontem o influente arcebispo de Kinshasa Monsenhor Laurent Monsengwo Pasinya exigiu um inquérito sério e objectivo, qualificou de barbárie a repressão por "pretensos homens em uniforme" de uma marcha pacífica e pediu o afastamento dos medíocres.

"é tempo de a verdade se sobrepôr à mentira sistémica, e que os medíocres desapareçam".

Os familiares dos mortos denunciam dificuldades no acesso às morgues para identificação dos defuntos e medo de represálias, ao que a ministra dos Direitos Humanos Marie Ange Mushobekwa respondeu que se tal acontecer se demitirá.

"os defensores de direitos humanos disseram-me que as famílias se estão a esconder com medo de represálias, eu respondi-lhes isso é falso, garanto-vos, e se algo acontecer às famílias dos defuntos, porque terão sido testemunhas da mùa,neira como os seus teriam sido mortos, eu como ministra dos direitos humanos tirarei todas as consequências".

O secretário geral da ONU António Guterres apelou à contenção, reiterando que o Acordo de São Silvestre é a única via viável para a alternância pacífica no país, e a União Europeia denunciou hoje o recurso à violência e o bloqueio da internet na véspera das manifestações, entretanto restabelecido, lamenta graves atentados à liberdade de expressão e pede alternância na liderança da RDC.

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