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Quénia

Quénia: repetição de eleição sob forte tensão

Na véspera da repetição da eleição presidencial no Quénia, boicotada pela oposição, o Supremo Tribunal não conseguiu o quorum necessário para adiar o escrutínio, como pediam três activistas de direitos humanos.

Presidente cessante Uhuru Kenyatta e líder da oposição Raila Odinga a votarem a 8 de Agosto
Presidente cessante Uhuru Kenyatta e líder da oposição Raila Odinga a votarem a 8 de Agosto Daily Nation
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Apenas dois dos sete juizes do Supremo Tribunal compareceram esta manhã, pelo que o presidente desta instituição David Maraga afirmou não poder analisar o recurso interposto, para o seu adiamento.

Foi este mesmo tribunal que a 1 de Setembro anulou por irregularidades na transmissão dos resultados a primeira volta da eleição presidencial de 8 de Agosto, que considerou nem transparente nem fiável e que atribuiu a vitória ao Presidente cessante Uhuru Kenyatta com 54,27% de votos, mas foi contestada pelo segundo candidato mais votado e líder da oposição Raila Odinga que obteve 44,74% e interpôs recurso.

Apesar de os observadores internacionais terem dado nota positiva a este escrutínio, o Supremo Tribunal ordenou uma nova votação num prazo de 60 dias, que termina a 31 de Outubro.

Raila Odinga apelou de novo esta quarta-feira (25/10) os seus apoiantes a boicotarem o escrutínio de amanhã e afirmou que vai lançar uma campanha de desobediência civil contra o governo, tendo reclamado uma nova eleição dentro de 90 dias.

O líder da oposição que com 72 anos concorre pela quarta vez, depois de ter sido candidato em 1997, 2007 e 2013, anunciou a 10 de Outubro que não participaria na repetição da eleição, devido à ausência de reformas na comissão eleitoral.

O próprio presidente da comissão eleitoral reconheceu na semana passada que não existiam condiçoes para garantir uma eleição credível e transparente, enquanto um membro desta mesma comissão fugiu para os Estados Unidos, onde denunciou estar a ser alvo de ameaças.

Desde 8 de Agosto pelo menos 40 pessoas foram mortas, na sua maioria devido à repressão brutal execida pela polícia em bastiões da oposição e paira o espectro da eleição presidencial de 2007 que causou mais de 1.100 mortos, depois de Raila Odinga não ter reconhecido a vitória de Mwai Kibaki.

Em pano de fundo estão rivalidades étnicas entre a etnia kikuyu maioritária, que monopoliza o poder económico e à qual pertence o Presidente cessante Uhuru Kenyatta e a etnia luo do seu rival Raila Odinga.

Laura Vasconcelos, fundadora da ONG  ADDHU, Associação de Defesa dos Direitos Humanos,  afirma no entanto que a capital Nairobi estava hoje calma, e que, tirando alguma escassez de bens essenciais nos supermercados, tudo corre normalmente. Por enquanto...

00:42

Laura Vasconcelos, residente em Nairobi

 

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