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Camarões

Amnistia Internacional denuncia massacres do Boko Haram

Desde 2014 que o grupo islamita nigeriano Boko Haram massacrou cerca de 400 civis no norte dos Camarões, provocando uma "reação brutal" das forças de segurança que mataram dezenas de civis. As conclusões constam do relatório publicado esta quarta-feira pela Amnistia Internacional.

AFP FOTO / PHILIPPE DESMAZES
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No relatório apresentado no decorrer de uma conferência de imprensa em Yaoundé, a ONG Amnistia Internacional volta a falar sobre as mortes atribuídas aos islamitas nigerianos do Boko Haram, desde janeiro de 2014. No documento pode ler-se que a 15 de Outubro de 2014, em Amchidé, extremo norte do país -que faz fronteira com a Nigéria- os combatentes do Boko Haram atacaram a aldeia e fizeram pelo menos trinta vítimas civis, entre elas estavam pessoas que são acusadas de colaborar com as autoridades.

Mas as acusações não se ficam por aqui. A ONG denuncia que no passado dia 17 de Abril cerca de 100 elementos do grupo terrorista tomaram de assalto a vila de Bia tendo provocado a morte a 16 civis, entre eles duas crianças. " Bairro por bairro, eles mataram pessoas e queimaram tudo, cerca de 150 casas", conta uma testemunha deste ataque citada pela Amnistia Internacional.

Em resposta as forças de segurança camaronesas atacaram aldeias, destruíram casas, mataram civis e detiveram cerca de 1000 suspeitos, entre eles crianças com cinco anos de idade. Para ONG estes acontecimentos são graves, nomeadamente a morte de 25 cinco pessoas que estavam detidas para interrogatório e cujas investigações não tiveram qualquer resultado. A Amnistia mostra-se ainda inquieta por até hoje não ter qualquer informação sobre 130 pessoas.

A Amnistia Internacional pede para que seja feita uma investigação independente para esclarecer nomeadamente o paradeiro dos 200 homens e crianças detidos desde o fim de 2014 nas aldeias do extremo norte dos camarões, e que muitos deles devem ter sido mortos durante a detenção para interrogatório do chefe da região. A ONG diz ter em sua posse imagens e fotos satélites que " confirmam a gravidade da destruição causadas pelas forças de segurança e descritas por dezenas de testemunhas".

Este relatório resulta de três missões realizadas ao país em Fevereiro, Março e Abril de 2015 no extremo norte do país, tendo por base os testemunhos de 160 pessoas. Desde há dois anos que o extremo norte dos Camarões tem sido alvo regular de ataques do Boko Haram. Desde de Julho, mais de 100 pessoas foram mortas em nove atentados suicidas. Em resposta o governo camaronês reforçou, consideravelmente, a presença militar e conta com o apoio das forças do Chade. Um reforço militar que se tem mostrado impotente para fazer face aos ataques dos islamitas nigerianos, Boko Haram.

Ao analisar o conteúdo do relatório da Amnistia Internacional, Gustavo Plácido dos Santos, especialista do Boko Haram ligado ao IPRIS, Instituto Português de Relações Internacionais e de Segurança, refere que esta situação se prende ao facto de Boko Haram se encontrar invariavelmente em zonas extremamente povoadas e das forças de segurança não terem uma formação adequada.

02:20

Gustavo Plácido dos Santos entrevistado por Liliana Henriques

 

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