Moroni em alerta após boicote às eleições presidenciais nas Comores

Azali Assoumani foi indicado como vencedor das eleições de domingo nas ilhas Comores. O anúncio, perante uma eleição boicotada pela oposição, levou a uma noite de inquietação em Moroni, capital do país, com tiros de gás lacrimógeneo e barreiras nas estradas.

Após as eleições, a capital das Comores, Moroni, está em sobressalto. © David Baché / RFI

Polícias e soldados passaram a noite nas ruas de Moroni e de outras cidades nas ilhas Comores para conter o desagrado da população face a uma nova vitória de Azali Assoumani nas urnas.

Os resultados das eleições presidenciais foram anunciados na terça-feira e um terceiro mandato de Assoumani não parece agradar à população, com o o escrutínio a ter sido boicotado pela oposição que acusa o Presidente de opressão.

A noite ficou marcada por tiros de gás lacrimogeneo e estradas cortadas pela população que usaram pneus, pilares de cimento ou velhos electrodomésticos de forma a impedir a circulação de viaturas na capital.

Grupos de jovens chegaram mesmo a apredejar as forças de ordem num movimento que a equipa do Presidente afirma "não ser espontâneo" e tratar-se de motins orquestrados pelas forças descontentes com a vitória de Assouman.

No Domingo, apenas 16,30% dos mais de 340.000 eleitores foram às urnas, numa participação muito reduzida neste género de eleições. Assoumani acabou assim por vencer com quase 63% dos votos e garantindo a sua manutenção no poder até 2029. 

Mesmo antes da realização das eleições, a oposição queixava-se já de fraudes nomeadamente nas listas eleitorais e as acusações continuam agora, com as urnas de voto a levantarem também suspeitas. O resultado final terá agora de ser validado pelo Supremo Tribunal.