Crise diplomática entre a Argélia e o Mali
Em causa, o convite pelas autoridades argelinas de várias figuras da rebelião independentista maliana.
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Desde o restabelecimento da paz no norte do Mali, na sequência de um acordo assinado em 2015 entre o Governo maliano e os grupos armados predominantemente tuaregues, a Argélia é o principal país mediador deste processo de paz.
Nos últimos dias, os dois países envolveram-se em tensões diplomáticas tendo como ponto de partida o convite pelas autoridades argelinas de vários rebeldes independentistas do Norte do Mali.
Na quarta-feira, o embaixador de Argel em Bamako foi convocado pelo Ministério maliano dos Negócios Estrangeiros para para evocar, como consta em comunicado, "uma ingerência" de Argel nos "assuntos internos" do Mali.
A diplomacia maliana criticou, nomeadamente, as reuniões entre as autoridades argelinas e separatistas tuaregues. Outro ponto de discórdia, o encontro entre o próprio Presidente argelino Abdelmadjid Tebboune e o imam maliano Mahmoud Dicko, crítico do poder, importante figura religiosa e política no Mali, e um dos poucos que tem expresso abertamente os seus desacordos com a junta, no poder desde Agosto 2020.
Tudo isto levou a que esta sexta-feira, a Argélia ordenasse o regresso do seu embaixador no Mali, momentos antes de Bamako fazer o mesmo com o seu diplomata em Argel.
Por coincidência do calendário, o ministro maliano dos Negócios Estrangeiros, Abdoulaye Diop, encontra-se actualmente numa reunião ministerial prevista de longa data em Marrocos.
Recorda-se que os vizinhos Marrocos e Argélia, em conflito, deixaram de ter relações diplomáticas desde o verão de 2021.
Em comunicado, o ministério maliano dos Negócios Estrangeiros anunciou que o ministro Abdoulaye Diop realizará "consultas políticas de alto nível com as autoridades de Marrocos".
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