Últimos militares franceses deixaram o Níger
Os últimos soldados franceses destacados no Níger deixaram o país na manhã de sexta-feira. A retirada das tropas francesas, iniciada no início de Outubro, põe fim a dez anos de luta anti-jihadista francesa no Sahel, onde o Níger foi um dos últimos aliados de Paris, antes do golpe militar de 26 de Julho.
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O anúncio foi feito pelo exército nigerino durante uma cerimónia em Niamey, esta sexta-feira: os últimos soldados franceses destacados no Níger deixaram o país na manhã. É o ponto final da presença da força francesa neste Estado liderado por um regime militar desde o golpe de Estado de Julho que derrubou o Presidente eleito Mohamed Bazoum.
A 24 de Setembro, o Presidente francês Emmanuel Macron anunciou que as tropas deixariam o Níger "até ao final do ano". Isto depois de um braço-de-ferro com as novas autoridades em Niamey, que denunciaram vários acordos militares com Paris. O embaixador de França no Níger, Sylvain Itté, foi mesmo expulso pelas autoridades e deixou o país no final de Setembro, depois de semanas em que esteve confinado ao interior da representação diplomática.
A maior parte das tropas francesas estava em Niamey e as restantes encontravam-se em dois postos avançados na chamada zona das três fronteiras - entre o Mali, o Níger e o Burkina Faso- e considerada um bastião de grupos ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico.
De forma geral, a retirada dos 1.500 soldados franceses do Níger, que era um dos últimos aliados de Paris antes da chegada ao poder dos generais a 26 de Julho, mete um ponto final a mais de dez anos de combate anti-jihadista francês no Sahel. Antes do Níger, a França também foi pressionada para sair do Mali e do Burkina Faso pelas juntas militares que também protagonizaram golpes de Estado. A França despede-se, também, da influência na região e do seu modelo de contra-terrorismo no Sahel, iniciado em 2013 com a operação anti-jihadista Barkhane, em cooperação com os exércitos dos três países. Uma operação que contou com o envio de forças especiais de parceiros europeus, com o apoio dos americanos que forneceram serviços de informação e apoio logístico a partir da base de Niamey.
Paralelamente ao afastamento de França, os generais no poder no Níger cortaram laços com vários parceiros ocidentais e aproximaram-se da Rússia. Ainda assim, permanecem contingentes americanos no país e, mais modestamente, contingentes alemães e italianos. No início de Dezembro, Niamey anunciou o fim de duas missões da União Europeia, civis e militares. Os Estados Unidos e a Alemanha disseram que estão prontos para retomar as discussões com os nigerinos.
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