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Mali

Conselho de Segurança põe termo à missão dos capacetes azuis no Mali

A pedido de Bamaco, o Conselho de Segurança da ONU votou nesta sexta-feira o fim imediato da missão dos Capacetes Azuis no Mali, lançando já a partir deste sábado uma retirada de seis meses que inaugura um período de incerteza para o país que permanece a braços com ataques jihadistas, nomeadamente na sua zona norte.

Veículo da Minusma nas ruas de Tombuctu, no norte do Mali, no dia 9 de Dezembro de 2021.
Veículo da Minusma nas ruas de Tombuctu, no norte do Mali, no dia 9 de Dezembro de 2021. © Florent Vergnes / AFP
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No passado dia 16 de Junho, perante os membros do Conselho de Segurança da ONU, o chefe da diplomacia do Mali Abdoulaye Diop exigiu a "retirada imediata" da missão da ONU no seu país e denunciou o seu "fracasso".

Neste contexto, o Conselho de Segurança que tinha agendado para esta quinta-feira uma discussão sobre a recondução da missão da ONU no Mali, acabou por ter de mudar de planos e se conformar com o princípio que rege todas as suas missões, a necessidade de o país hóspede concordar com a presença da missão de paz no seu território.

Na sua resolução, os 15 países do Conselho de Segurança da ONU adoptaram por unanimidade o fim da missão mais dispendiosa da ONU (1,2 mil milhões de Dólares por ano) a partir de hoje.

Nos termos da resolução validada pelo Conselho de Segurança, os capacetes azuis devem iniciar já a partir deste sábado 1 de Julho o processo conducente à sua retirada total até ao final deste ano.

Uma retirada prematura do ponto de vista de vários responsáveis no seio do Conselho de Segurança e nomeadamente na óptica do Secretário-Geral da ONU.

Ainda antes de o Mali formalizar o seu pedido no sentido de a ONU se retirar do seu território, António Guterres qualificava a presença da Minusma como sendo "inestimável" e recomendava a sua manutenção em efectivos constantes, recentrando-a em prioridades limitadas.

Criada em 2013 com o objectivo de apoiar as autoridades malianas no combate ao terrorismo, a força de manutenção da paz contabiliza actualmente 13.000 militares e cerca de 1.900 polícias.

Nestes dez anos de presença no Mali, 174 capacetes azuis foram mortos no âmbito da sua missão.

A partir de 2020, altura em que os militares tomaram o poder pela força no Mali, as relações entre as Nações Unidas e Bamaco conheceram uma degradação acentuada, com a ONU a denunciar atropelos aos Direitos Humanos e entraves à sua missão por parte da junta no poder.

No ano passado, as tropas francesas que tinham chegado sensivelmente na mesma altura que os capacetes azuis, também acabaram por retirar-se do Mali, num contexto de crescente antagonismo entre a Junta militar e Paris.

Refira-se ainda que de acordo com um comunicado hoje do ministério Maliano dos Negócios Estrangeiros, o chefe da diplomacia russa garantiu o "apoio infalível" do seu país a Bamaco. A Rússia tem vindo a envolver-se crescentemente no Mali, nomeadamente através da presença de paramilitares do grupo Wagner com a missão, segundo as autoridades malianas, de dar formação às forças governamentais.

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