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#Quénia

Pelo menos 90 mortos em seita religiosa no Quénia

Subiu para 90 o número de corpos encontrados em terras pertencentes ao líder de uma seita religiosa no Quénia. De acordo com a Cruz Vermelha, há 212 pessoas desaparecidas, entre elas uma centena de menores.

Floresta de Shakahola, Quénia. 25 de Abril de 2023.
Floresta de Shakahola, Quénia. 25 de Abril de 2023. AFP - YASUYOSHI CHIBA
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As buscas continuam na floresta de Shakahola, no leste do Quénia. Até esta terça-feira, foram encontrados 90 corpos de alegados membros da seita liderada por Paul Mackenzie Nthenge. As autoridades quenianas acusam o pastor de encorajar os seguidores a jejuarem até morrer, com o objectivo de encontrarem Jesus.

A Cruz Vermelha queniana fala em 212 pessoas desaparecidas, entre elas uma centena de menores. Esta terça-feira, o ministro do Interior Kithure Kindiki alertou que não se sabe quantos cadáveres se vão encontrar, mas adiantou que foram resgatados 34 sobreviventes.

De acordo com a AFP, poderá ainda haver pessoas escondidas na floresta, uma área de mais de 300 hectares pertencente ao pastor e que está vedada e a ser investigada como local do crime.

O caso suscita inúmeras questões sobre as falhas das autoridades policiais e judiciais que conheciam o pastor há vários anos. Antigo taxista, Paul Mackenzie Nthenge criou o que chamou de “Igreja Internacional das Boas Notícias” em 2003. Foi detido em 2017 devido a acusações de “radicalização” porque defendia a não escolarização de crianças por considerar que a educação não era reconhecida na Bíblia. Em 2019, ele fechou a igreja, mas levava os fiéis para uma floresta vizinha. Em Março deste ano, foi detido de novo depois de duas crianças terem morrido à fome sob vigilância dos pais, mas acabou por ser libertado mediante o pagamento de uma caução de cerca de 670 euros. Entretanto, a 14 de Abril, ele entregou-se à polícia, após terem começado as buscas na floresta de Shakahola. Na semana passada, começaram a ser descobertas as primeiras valas comuns de fiéis, nomeadamente de crianças que morreram à fome.

O Presidente do Quénia, William Ruto, prometeu endurecer as ações contra movimentos religiosos “inaceitáveis” e comparou os seus líderes a “terroristas”. Esta terça-feira, o ministro do Interior declarou que o que aconteceu em Shakahola marca uma mudança “na forma como o Quénia gere as ameaças à segurança por parte de extremistas religiosos”. O ministro admitiu, também, apertar a regulação dos locais de culto religioso.

Porém, as tentativas de controlo das questões religiosas sempre tiveram grande oposição no país, em nome da liberdade de culto. No Quénia, com cerca de 50 milhões de habitantes, há mais de 4.000 igrejas, de acordo com os números oficiais. Algumas incitam os fiéis a avançarem dons financeiros, outras exercem um controlo ainda mais directo na vida e comportamento dos crentes. A pobreza, a falta de educação e um fácil acesso aos sermões online contribuíram para a profusão deste tipo de cultos.

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