Acesso ao principal conteúdo
#Migrantes

Tunísia: 300 pessoas repatriadas para a Costa do Marfim e o Mali

Cerca de 300 pessoas começaram a ser repatriadas, este sábado, para a Costa do Marfim e para o Mali, a partir da Tunísia, para escapar às agressões e à hostilidade de que têm sido vítimas nos últimos tempos, depois do discurso do Presidente tunisino contra os migrantes subsarianos em situação irregular.

Autocarro que levou pessoas para os voos de repatriamento. Tunis, 4 de Março de 2023.
Autocarro que levou pessoas para os voos de repatriamento. Tunis, 4 de Março de 2023. AFP - FETHI BELAID
Publicidade

Depois de um primeiro voo de repatriamento para a Guiné-Conacri, com cerca de 50 pessoas, este sábado foi a vez dos voos para a Costa do Marfim e o Mali. Cerca de 145 costa-marfinenses deveriam embarcar, esta manhã, ainda que o número de pessoas que tenha pedido o repatriamento ascenda a 1.100, de acordo com o embaixador da Costa do Marfim em Tunis, Ibrahim Sy Savané. Até agora, e graças a uma isenção de visto à entrada, cerca de 7.000 costa-marfinenses residem na Tunísia, constituindo a maior comunidade imigrante subsariana no país. O Mali também preparou o repatriamento, hoje, de 150 pessoas.

A 21 de Fevereiro, o Presidente tunisino Kais Saied disse que a presença na Tunísia de imigrantes clandestinos provenientes da África subsariana era fonte de “violência e de crimes” e que estava a “mudar a composição demográfica do país”. O discurso foi imediatamente condenado pelas ONG como “racista e de incitação ao ódio”. Desde então, tem havido um aumento de agressões contra estes migrantes e dezenas têm-se concentrado nas suas embaixadas para pedirem protecção e repatriamento.

Na quarta-feira, em declarações à AFP, os guineenses testemunharam “dias de pesadelo” e “uma vaga de ódio” contra eles depois do discurso do Presidente tunisino. Um grande número de pessoas - entre as 21.000 oriundas da África subsariana a viver na Tunísia, na maioria em situação irregular – perderam o seu trabalho e o seu alojamento de um dia para o outro devido ao clima que se gerou contra elas. Várias dezenas foram detidas e algumas continuam presas. Há, também, ONGs a denunciar a existência de milícias que perseguem, agridem e roubam estes migrantes.

A violência e a perseguição gerou um afluxo de dezenas de pessoas para as embaixadas, sobretudo da Costa do Marfim e do Mali, que decidiram albergar de emergência até uma centena de pessoas. Outros migrantes, mais vulneráveis por serem oriundos de países sem embaixada na Tunísia, concentraram-se num acampamento diante da sede da Organização Internacional das Migrações, onde dormem ao frio e sem condições.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.