Tunísia: 300 pessoas repatriadas para a Costa do Marfim e o Mali
Cerca de 300 pessoas começaram a ser repatriadas, este sábado, para a Costa do Marfim e para o Mali, a partir da Tunísia, para escapar às agressões e à hostilidade de que têm sido vítimas nos últimos tempos, depois do discurso do Presidente tunisino contra os migrantes subsarianos em situação irregular.
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Depois de um primeiro voo de repatriamento para a Guiné-Conacri, com cerca de 50 pessoas, este sábado foi a vez dos voos para a Costa do Marfim e o Mali. Cerca de 145 costa-marfinenses deveriam embarcar, esta manhã, ainda que o número de pessoas que tenha pedido o repatriamento ascenda a 1.100, de acordo com o embaixador da Costa do Marfim em Tunis, Ibrahim Sy Savané. Até agora, e graças a uma isenção de visto à entrada, cerca de 7.000 costa-marfinenses residem na Tunísia, constituindo a maior comunidade imigrante subsariana no país. O Mali também preparou o repatriamento, hoje, de 150 pessoas.
A 21 de Fevereiro, o Presidente tunisino Kais Saied disse que a presença na Tunísia de imigrantes clandestinos provenientes da África subsariana era fonte de “violência e de crimes” e que estava a “mudar a composição demográfica do país”. O discurso foi imediatamente condenado pelas ONG como “racista e de incitação ao ódio”. Desde então, tem havido um aumento de agressões contra estes migrantes e dezenas têm-se concentrado nas suas embaixadas para pedirem protecção e repatriamento.
Na quarta-feira, em declarações à AFP, os guineenses testemunharam “dias de pesadelo” e “uma vaga de ódio” contra eles depois do discurso do Presidente tunisino. Um grande número de pessoas - entre as 21.000 oriundas da África subsariana a viver na Tunísia, na maioria em situação irregular – perderam o seu trabalho e o seu alojamento de um dia para o outro devido ao clima que se gerou contra elas. Várias dezenas foram detidas e algumas continuam presas. Há, também, ONGs a denunciar a existência de milícias que perseguem, agridem e roubam estes migrantes.
A violência e a perseguição gerou um afluxo de dezenas de pessoas para as embaixadas, sobretudo da Costa do Marfim e do Mali, que decidiram albergar de emergência até uma centena de pessoas. Outros migrantes, mais vulneráveis por serem oriundos de países sem embaixada na Tunísia, concentraram-se num acampamento diante da sede da Organização Internacional das Migrações, onde dormem ao frio e sem condições.
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