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#França/Burkina Faso

Burkina Faso confirma que pediu retirada de tropas francesas

O porta-voz do governo do Burkina Faso confirmou, esta segunda-feira, que as autoridades de Ouagadougou pediram a retirada das tropas francesas do território no prazo de um mês. Este domingo, o Presidente francês disse aguardar “esclarecimentos” do Presidente de transição do país.

Soldado francês no Burkina Faso. 10 de Novembro de 2019.
Soldado francês no Burkina Faso. 10 de Novembro de 2019. AFP - MICHELE CATTANI
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Em entrevista à Rádio-Televisão do Burkina (RTB), o porta-voz do executivo interino, Jean-Emmanuel Ouedraogo, confirmou, esta segunda-feira, que as autoridades de Ouagadougou pediram a retirada das tropas francesas do território no prazo de um mês. “Do que nos desvinculamos é do acordo que permite às forças francesas de estarem no Burkina Faso. Não se trata do fim das relações diplomáticas entre o Burkina Faso e a França”, declarou.

O responsável acrescentou que o país deve defender-se a ele próprio e que quer que a França continue a apoiar, mas apenas com equipamento.

A agência France Presse tinha adiantado, horas antes, ter tido acesso a um correio do ministério dos Negócios Estrangeiros do Burkina Faso, datado de 18 de Janeiro, no qual Ouagadougou "desvincula-se e sai do acordo de 17 de Dezembro de 2018 relativo ao estatuto das forças armadas francesas que intervêm” no país.

Interrogado sobre o tema, o Presidente francês disse esperar pelas declarações e esclarecimentos do Presidente de transição e alertou para que não haja “manipulação” do que chamou “amigos russos”. Em causa, a vontade de Ouagadougou de reforçar as parcerias com Moscovo, algo sublinhado, na semana passada, pelo chefe de governo Apollinaire Kyélem de Tembela, depois de um encontro com o embaixador russo e um mês depois da sua visita a Moscovo.

Aguardo que o Presidente de transição [Ibrahim] Traoré se exprima porque parece que as mensagens estão envoltas em uma grande confusão e ele está fora da capital. Devemos ser prudentes e ficar atentos ao que é uma especialidade de alguns na região – e que pode ter algo a ver com o que estamos a viver na Ucrânia, ou seja, que os nossos amigos russos não façam manipulações. Aguardamos esclarecimentos do Presidente Traoré sobre o assunto”, declarou Emmanuel Macron, este domingo.

No verão passado, no Mali vizinho, a junta no poder também pediu à França para retirar a sua força do país após nove anos de luta contra o terrorismo. Na altura, várias fontes relataram que a pedido de Bamaco, o grupo paramilitar russo Wagner começou a entrar no país no final de 2021, algo que a junta militar desmente.

Tal como aconteceu no Mali, a presença militar de França, antiga potência colonial, tem vindo a ser contestada desde o golpe militar de Setembro. Na última sexta-feira, houve mais uma manifestação para exigir a retirada das forças francesas e no início de Janeiro a junta militar pediu a saída do Embaixador de França, Luc Hallade, que tinha denunciado a degradação da segurança no país.  

Desde 2015, o Burkina Faso, sobretudo no norte, tem sido alvo de ataques de grupos jihadistas ligados à Al-Qaeda e ao autoproclamado Estado Islâmico e que fizeram milhares de mortos e, pelo menos, dois milhões de deslocados.

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