Acesso ao principal conteúdo
Libéria

Libéria assinala 200 anos do início da sua fundação

Uma marcha reuniu milhares de pessoas hoje em Monróvia, capital da Libéria, para assinalar os 200 anos do início da fundação do país, com a chegada, em 1822, de escravos livres provenientes dos Estados Unidos. As comemorações decorrerão ao longo de todo o ano, com a presença da diáspora e também de afro-americanos.

Bairro de Westpoint em Monróvia, ao longe o porto da capital da Libéria.
Bairro de Westpoint em Monróvia, ao longe o porto da capital da Libéria. © Carol Valade
Publicidade

A Libéria tornar-se-ia 25 anos, após a sua fundação, na primeira república em África.

As celebrações são encabeçadas pelo chefe de Estado Georges Weah, antiga vedeta do futebol.

Foram descendentes de escravos livres dos Estados Unidos que presidiram aos destinos do país até ao assassínio em 1980 do presidente William Toubert, derrubado por um golpe do sargento Samuel Doe.

O seu regime autoritário seria derrubado 9 anos depois por Charles Taylor, na origem de uma guerra civil de 14 anos que matou 250 000 pessoas.

A Libéria é um dos países mais pobres do mundo e continua a sarar as feridas do conflito e a recompor-se do abalo deixado pela epidemia de Ébola entre 2014 e 2016.

Rafael Lucas, professor catedrático em Bordéus, sudoeste da França, e estudioso da escravatura, comenta o percurso da Libéria, um país que tem dado que falar sobretudo devido a guerras sangrentas no final do século passado.

"Acho que é uma história, de certo modo exemplar, sobre a maneira em que o pensamento utópico pode gerar fracassos. Inicialmente a História da Libéria é parecida com a de outros países africanos, com escravidão.

Primeiro o inevitável descobrimento pelos portugueses, em 1461. Chamava-se a "Costa da pimenta". E, depois, claro, os ingleses ocuparam a Libéria. A grande mudança que houve foi a atitude dos Estados Unidos que decidiram organizar uma espécie de "re migração" de escravos africanos para África.

Daí o nome "Liberdade/Libéria" daquela intenção de criar um país com o retorno de escravos livres. Só que não aconteceu assim, como previsto.

Os escravos americanos na mesma eram americanos e tinham crescido num país mais desenvolvido. E eles desprezaram os indígenas, os autóctones. Isso criou décadas de rancor ! É por isso que a guerra foi tão sangrenta ! Porque havia tanta frustração acumulada !"

02:35

Rafael Lucas, estudioso da escravatura, professor catedrático em Bordéus, 14/02/2022

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.