Governo do Burkina Faso desmente golpe depois de tiroteios em quartéis militares
Militares amotinaram-se esta manhã em várias casernas do país, nomeadamente em Kaya e Ouahigouya, no norte do país e também na capital, para reclamar a substituição das suas chefias e meios adaptados na luta contra a violência jihadista.
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Reagindo a este movimento, o governo reconheceu a ocorrência de disparos em vários quartéis mas desmentiu rumores partilhados nas redes sociais sobre a eventualidade de um golpe de Estado militar.
Em mensagem transmitida na televisão, o ministro da Defesa informou que estavam a ser investigados os motivos dos tiroteios, mas assegurou que o Presidente não foi preso.“O chefe de Estado não foi detido. Nenhuma instituição do país foi ameaçada”, garantiu o general Bathelemy Simpore ao informar que a agitação nos quartéis já foi pacificada.
Na sequência deste motim, cerca de 300 pessoas juntaram-se hoje em Ouagadougou para expressar o seu apoio ao Exército. Esta manifestação dispersa pela polícia com gás lacrimogéneo, foi marcada por incidentes. Alguns dos manifestantes incendiaram as instalações do Movimento do Povo para o Progresso (MPP), partido no poder.
Isto acontece numa altura em que o executivo de Roch Marc Kaboré tem sido contestado na rua por não ser capaz de repelir os ataques dos islamistas radicais que tendem a aumentar no país desde 2015. Só no ano passado, a violência jihadista provocou mais de 2 mil mortos e mais de um milhão e meio de deslocados internos.
Desde o ataque jihadista no passado mês de Novembro contra o quartel de Inata, no extremo norte do país, que custou a vida de cerca de 50 polícias, a atmosfera tem vindo a crispar-se no país.
Apesar de o poder ter operado algumas mudanças nas chefias militares em Dezembro, adensou-se a desconfiança, com o presidente a ordenar desde o começo deste mês a detenção de vários soldados suspeitos de conspiração.
Ainda ontem, uma marcha na capital foi impedida pelas autoridades. Nos últimos dias, o acesso à internet e nomeadamente às redes sociais tem sido difícil.
Refira-se que a nível regional tem prevalecido a instabilidade política. Em Abril, depois da morte do presidente Idriss Deby em combate, os militares assumiram plenamente o poder no Chade. No passado mês de Maio, a junta militar do Mali retomou a totalidade do poder e mais tarde, em Setembro, foi a vez de o Presidente da Guiné-Conacri ser deposto por um golpe militar.
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