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Líbia/Petróleo

Líbia: cessar-fogo violado, população em fuga, retoma da produção petrolífera

Violado o cessar-fogo assinado no Cairo este sábado e que devia entrar em vigor esta segunda-feira, com o registo de fortes combates às portas de Sirte, a 450 kms a leste da capital Trípoli, cidade estratégica, controlada pelas tropas do marechal Khalifa Haftar, que desde 18 de janeiro bloqueia as exportações do petróleo líbio, a principal receita do país.

Tropas governamentais líbias tentam tomar Sirte, cidade estratégia e porta de acesso aos terminais petrolíferos, controlada pelo marechal Khalifa Haftar desde 18 de janeiro 2020.
Tropas governamentais líbias tentam tomar Sirte, cidade estratégia e porta de acesso aos terminais petrolíferos, controlada pelo marechal Khalifa Haftar desde 18 de janeiro 2020. REUTERS/Goran Tomasevic
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O acordo de cessar-fogo na Líbia, foi assinado no sábado (6/06) no Cairo, sob mediação do Presidente egípcio, marechal Abdel Fatah al-Sissi, na presença do marechal líbio rebelde Khalifa Haftar e do presidente do parlamento líbio Aguila Saleh e devia entrar em vigor às 6 horas locais desta segunda-feira (8/06).

Depois da retoma na sexta-feira (5/06) pelas tropas governamentais, fiéis ao primeiro-ministro Fayer al-Sarraj, reconhecido pelas Nações Unidas, da região da Grande Trípoli e de Tahruna no oeste do país com apoio da Turquia.

Desde sábado (6/06) as tropas governamentais avançam sobre Sirte, cidade natal de Muammar Kadafi, situada a 450 kms a leste da capital Trípoli, cidade estratégica, fronteira oficiosa entre o oeste e o leste do país, porta de entrada ocidental de acesso aos terminais petrolíferos, sob controlo das tropas do marechal Khalifa Haftar desde 18 de janeiro último, que bloqueia a exploração do petróleo e esta segunda-feira (8/06) registaram-se combates violentos entre os dois exércitos rivais.

Mas para alguns analistas, os revezes militares que as suas milícias têm sofrido face ao Governo de União Nacional - GAN - reconhecido pela ONU, poderiam ter como consequência a retoma da produção de petróleo em grande escala.

Segundo a National Oil Corporation, a companhia nacional líbia de petróleo, o bloqueio fez perder ao país mais de cinco mil milhões de dólares, mas Sahara, o maior campo petrolífero no sudoeste da Líbia, agora nas mãos das tropas do governo, já retomou gradualmente a exploração.

A missão na ONU na Líbia - Manul - alertou este domingo (7/06) para o facto de nos últimos dias, os recentes combates entre as tropas rivais terem posto em fuga mais de 16.000 líbios, que se acrescem às centenas de mortos e aos 200.000 deslocados desde abril de 2019, na sequência da ofensiva contra a capital Trípoli, pelas milícias do marechal Haftar.

A ONU apela ao calar das armas, ao respeito pelo embargo às mesmas e denuncia uma situação "alarmante", após a descoberta de vários cadáveres no hospital de Tahruna, a cerca de 80 kms de Trípoli e pede ao GNA que proceda a uma investigação rápida e imparcial sobre estas mortes suspeitas, bem como sobre relatos de pilhagens e destruição de bens públicos e privados em Tahruna e Alasabaa, no que parecem ser actos de represálias e de vingança.

Além disso o bloqueio, provocou uma inflação que poderia atingir 100% este ano e empobreceu a população, mas desde há alguns dias o dinar, a moeda líbia, começou a subir nos mercados paralelos, o que traduz o optimismo dos líbios face à retoma da produção petrolífera. 

Todas as tentativas de obter um cessar-fogo na Líbia falharam até hoje, mas a Liga Árabe saudou o a "iniciativa do Cairo", tal como o chefe da diplomacia francesa Jean-Yves Le Drian, no entanto Mohamad Gnounou, porta-voz das forças do Governo líbio de União Nacional - GNA - mostrou-se mais reticente afirmando "nós não começamos esta guerra, mas somos nós que decidimos onde e quando ela termina".

 

 

 

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