Líbia: tropas do general Haftar retiram-se de Tripoli, mas controlam petróleo no leste
As forças governamentais líbias - GNA - anunciaram nesta sexta-feira, que assumiram o controlo de todo o oeste do país, causando uma dura derrota às tropas rivais do marechal Khalifa Haftar, expulsas de seu último reduto na região, mas que continuam a controlar os terminais de petróleo no leste do país.
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Desde 2014 que a Líbia tem dois centros de poder e dois governos, um em Tobruk, reconhecido pela ONU e dirigido por Fayez Al Sarraj e um em Tripoli, presidido pelo marecham Khalifa Haftar, um próximo do coronel Muamar Kadafi.
Depois da retoma do aeroporto da capital, Trípoli, nesta quarta-feira (3/06), as tropas governamentais líbias controlam esta sexta-feira (5/06) a cidade de Tarhuna, a 80 kms a sudeste de Trípoli, tendo aniquilado ao cabo de violentos combates, o último bastião na região das milícias terroristas do marechal Khalifa Haftar, anunciou em comunicado Mohamad Gnunu, o porta-voz das forças do Governo de União Nacional (GNA) de Fayez Al Sarraj, reconhecido pela ONU.
A perda de Tarhuna marca uma viragem radical no conflito, desde que em abril de 2019, o marechal Haftar e o seu Exército Nacional Líbio, lançaram uma ofensiva para tomar Trípoli, onde o GNA está sediado, numa disputa pelo poder neste país mergulhado no caos.
Desde quarta-feira (3/06) o GNA anunciou sucessivamente a retoma do aeroporto internacional de Trípoli, fora de serviço desde 2014, bem como o controle total das fronteiras administrativas da cidade e periferia de Trípoli e a recuperação da cidade de Tarhuna.
Nos últimos meses, tem sido crescente a participação de potências estrangeiras neste conflito e o aumento do apoio militar da Turquia foi determinante para várias vitórias do GNA.
O marechal Khalifa Haftar, homem forte no leste da Líbia é oficialmente apoiado pelo Egipto, Emiratos Árabes Unidos, Rússia, mas nao só, pois indirectamente também pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha e França, aceitaa retirada das suas tropas sem condições, sob a condição do GNA respeitar o cessar-fogo, caso contrario ameaça retomar as operações militares, afirmou o seu porta-voz Ahmad al-Mesmari.
Sem confirmar directamente os dois primeiros reveses, o porta-voz de Haftar, informou na quinta-feira (4/05) à noite uma "redistribuição" de tropas fora de Trípoli e evocou ainda "uma iniciativa humanitária destinada a parar o derramamento de sangue do povo líbio", assegurando que a decisão para essa redistribuição foi tomada após "a aceitação do comando militar" de participar no comité militar sob os auspícios das Nações Unidas.
Na quarta-feira (3/06) as Nações Unidas anunciaram a retoma em Genebra, na Suiça, de negociações (suspensas há mais de três meses) do comité militar (5+5), um órgão composto por cinco membros pró-GNA e cinco membros pró-Haftar, no intuito de alcançar um cessar-fogo no conflito.
Todas as tentativas anteriores de estabelecer um cessar-fogo duradouro na Líbia falharam e desde que a ofensiva militar começou em abril de 2019, centenas de pessoas, incluindo muitos civis, morreram, e cerca de 200.000 fugiram.
Segundo apoiantes do GNA, alguns comandantes pró-Haftar fugiram para o aeroporto de Bani Walid, uma cidade controlada por tribos locais e localizada 170 quilômetros ao sudeste da capital.
O GNA agora controla todo oeste do país, com o apoio local dos grupos armados do oeste da Líbia, principalmente os de Misrata.
Já o marechal Haftar controla o leste da Líbia, que inclui a maior parte dos terminais de petróleo - bloqueados pelas suas tropas desde o início do ano - e vastas franjas de território no sul da Líbia.
França tentou primeira mediação entre Sarraj e Haftar em 2017
O chefe da diplomacia francesa Jean Yves Le Drian, que defende uma solução diplomática para este conflito e é um profundo conhecedor do dossier líbio, sempre afirmou que não se pode ignorar o peso do marechal Haftar, figura incontronável do conflito líbio.
Ele conseguiu convencer o Presidente Emmanuel Macron, que desde julho de 2017 se lançou numa mediação, organizando em La Celle-Saint-Cloud, Yvelines, nos arredores de Paris o primeiro encontro para uma reconciliação nacional entre Sarraj e Haftar e foi o primeiro dirigente ocidental a recebê-los juntos.
Em maio de 2018 Fayez El Sarraj e Khalifa Haftar foram recebidos no palàcio do Eliseu, em Paris
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