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Costa de Marfim

Costa de Marfim: Simone Gbagbo foi solta

A ex-primeira dama da Costa de Marfim, Simone Gbagbo, 69 anos, detida em 2011 juntamente com o marido e condenada em 2015 a vinte anos de prisão por atentado contra a segurança do estado no âmbito das violências pós-eleitorais de 2010-2011, foi solta ontem. Esta libertação aconteceu dois dias depois do actual Presidente da Costa de Marfim, Alassane Ouattara, ter anunciado a amnistia de 800 pessoas condenadas por acções em ligação com a crise pós-eleitoral, uma medida que -sublinhou o executivo- não abrangeu os autores de crimes de sangue.

Simone Gbagbo, depois de ter sido solta no dia 8 de Agosto de 2018.
Simone Gbagbo, depois de ter sido solta no dia 8 de Agosto de 2018. ISSOUF SANOGO / AFP
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Apenas um quarto de hora depois de ter sido solta, Simone Gbagbo chegou à sua residência no bairro de Cocody, em Abidjan, onde foi acolhida triunfalmente pelos militantes do seu partido, a Frente Popular Marfinense. Durante uma pequena cerimónia no seu jardim, a ex-primeira dama marfinense pronunciou algumas palavras de agradecimento, considerou que a "antiga página está virada" e prestou uma homenagem ao líder da ala pro-Gbagbo da FPI, Abdoudramane Sangaré.

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Primeiras palavras de Simone Gbagbo aos militantes do seu partido

Abdoudramane Sangaré, quanto a si, considerou que a libertação de Simone Gbagbo "prepara o regresso de Laurent Gbagbo", cuja libertação foi novamente reclamada pelos seus advogados ao Tribunal Penal Internacional. Detido desde 2011, o antigo Presidente marfinense (2000-2010), tem estado a ser julgado por Crimes contra a Humanidade cometidos durante a crise pós-eleitoral, cujo balanço foi de cerca de 3000 mortos, a justiça internacional devendo pronunciar-se em Outubro.

Por outro lado, embora a amnistia decidida pelo Presidente Ouattara tenha sido saudada pelo conjunto da classe política marfinense que viu nela "um gesto forte a favor da reconciliação nacional" quando faltam dois anos para as presidenciais de 2020, esta medida está longe de fazer a unanimidade. Onze organizações de defesa dos Direitos Humanos nacionais e internacionais, como a Liga Marfinense dos Direitos do Homem, a Human Rights Watch ou ainda a Amnesty International, denunciaram "um gesto de desprezo para com as vítimas".

Apesar de estar livre no seu país, Simone Gbagbo continua a ser alvo de um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional desde 2012. Também conhecida como a "a Dama de ferro", ela foi posta em causa nas exacções cometidas por esquadrões da morte durante a crise político-militar dos anos 2000 no país assim como no desaparecimento em 2004 do jornalista Guy-André Kieffer que estava a investigar irregularidades no sector estratégico do cacau.

Apesar disso, em 2016, o Presidente Ouattara garantiu que "não enviaria mais marfinenses para o Tribunal Penal Internacional", argumentando que doravante o seu país conseguiu dotar-se de uma justiça "operacional".

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