São Tomé e Príncipe: Chefe das Forças Armadas pediu demissão
Em São Tomé e Príncipe, o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Olinto Paquete, demitiu-se do cargo na sequência da morte de quatro pessoas no quartel-general das Forças Armadas, no dia 25 de Novembro. O anúncio surge depois de novas imagens terem circulado nas redes sociais a mostrarem os alegados atacantes do quartel-general a serem agredidos mesmo estando deitados no chão e com as mãos amarradas atrás das costas. Olinto Paquete falou em "factos inexplicáveis, horrorosos".
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Oiça aqui a declaração do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Olinto Paquete.
Brigadeiro Olinto Paquete, chefe de Estado demissionário maior general das forças armadas de São Tomé e Príncipe, 1/12/2022
"Acabei de entregar a sua excelência, o Presidente da República e comandante supremo, o meu pedido de demissão. Os factos inexplicáveis, horrorosos, comprometeram tudo de bom que foi feito. Parece-me que foi uma encomenda pois obedeceu a um plano criteriosamente estabelecido, culminando com a publicação de imagens ontem, pelas 18h, coisas que eu não sabia porque me informaram com dados falsos e proferi informações falsas à Nação pelo que peço desculpas. A minha educação e a minha formação não me permitem aceitar tal atrocidade e actos de traição que lesam a Pátria. Assim, venho pela presente apresentar o meu pedido de demissão das funções de Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas", declarou o brigadeiro Olinto Paquete.
O pedido de demissão surge depois de novas imagens terem circulado, nas redes sociais, a mostrar um dos detidos no ataque ao quartel, deitado no chão e com as mãos amarradas atrás das costas, a ser agredido por um militar com um pau, enquanto outros militares assistem. Houve, também, imagens de detidos deitados ou ajoelhados no terreiro do quartel, com as mãos amarradas e com ferimentos.
Hoje, o Presidente da República, Carlos Vila Nova, convocou uma reunião com as altas patentes do exército, nomeadamente o chefe e o vice-chefe de Estado Maior das Forças Armadas, o inspector das Forças Armadas, o comandante do Exército, o comandante da Guarda Costeira, o chefe da Casa Militar do Presidente da República, assim como o primeiro-ministro e o ministro da Defesa e Ordem Interna, Jorge Amado.
Esta quinta-feira, o governo de São Tomé e Príncipe fez uma denúncia ao Ministério Público para que investigue a “violência e tratamento desumano” de militares contra detidos após o ataque ao quartel-general das Forças Armadas no dia 25 de Novembro.
Em comunicado, o Governo de Patrice Trovoada fala em “imagens de violência e tratamento desumano aos indivíduos implicados na tentativa do golpe de Estado e no assalto ao quartel-general das Forças Armadas ocorrido no passado dia 25 de Novembro”.“Face à gravidade dos actos e à impetuosa violação dos direitos humanos”, o executivo “orientou o Ministério da Justiça, Administração Pública e Direitos Humanos a instar com carácter de urgência a intervenção das autoridades judiciais para investigar as práticas dos actos cruéis, degradantes e desumanos perpetrados contra os indivíduos no quartel-general das Forças Armadas e cujas imagens chocaram e indignaram a sociedade", lê-se no documento.
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