"O tratado global sobre plásticos é do interesse da Guiné-Bissau"
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Entre os dias 28 de Maio e 2 de Junho, Paris, a capital francesa, acolhe uma série de reuniões de alto nível que reúne 175 países, tendo em vista as negociações para o futuro tratado relativo ao plástico.
Nos últimos anos a questão do meio ambiente tem ganhado cada vez mais espaço no centro dos debates. Activistas, associações e organizações não-governamentais multiplicam desde então os esforços para elevar o nível de conscientização da sociedade a respeito dos perigos ambientais.
A contínua degradação dos ecossistemas já produz efeitos visíveis um pouco por todo o mundo, e em especial no continente africano, que apesar de não ser o principal poluidor, é o continente que mais sofre com os efeitos devastadores das alterações climáticas.
É com esse intuito que durante uma reunião no seio das Nações Unidas, a comunidade internacional assumiu a linha da frente, propondo uma série de reuniões visando, até ao final de 2024, a implementação de um tratado global de carácter vinculativo.
Em entrevista à RFI, Aissa Regala, Coordenadora de Departamento de Conservação de Biodiversidade do Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP) da Guiné-Bissau, concordou com a necessidade de se chegar a um acordo de carácter vinculativo, e preconiza que a melhor forma de salvaguardar o meio ambiente é pela redução ou proibição da produção e comercialização do mesmo material, em oposição à indústria petroquímica, que por sua vez, prefere apostar na reciclagem.
Vida em França 01/06/2023
Disse que houve uma conscientização por parte da sociedade, mas e a respeito das empresas, será que elas se disponibilizaram a cumprir esta lei?
"No início houve mais uma questão de sensibilizar, explicar, e penso que também falhamos um pouco nessa parte porque deveria haver mais uma conscientização das empresas que vendem água em sacos de plástico, o que é extremamente perigoso para a saúde humana. Então as pessoas têm que começar a fazer a ligação directa entre o ambiente e a saúde humana para que tenham maior consciência que o maior objectivo é proteger o homem. Eu acredito que não houve tanta sensibilização, então que temos que reforçar essa parte pois os comerciantes voltaram a importar e a vender sacos de plástico.
Não havia um plano de acção claramente definido. A lei apareceu, houve algumas acções implementadas, mas não havia um roteiro para a eliminação total do saco de plástico. Eu acho que é esse mesmo o cerne do problema, devia se adoptar um plano de acção para implementar essa lei."
Então estima que é no interesse da Guiné-Bissau que um tratado global seja vinculativo?
"Sim, porque a Guiné-Bissau não é um país que fabrica, é um país que importa. É verdade que é um país que faz a demanda, mas se houver um tratado a nível internacional talvez seja uma forma de incitar a reforçar essa lei que existe a nível nacional. Para além do plástico que é comercializado, também a Guiné-Bissau, em razão das correntes das Canárias e do Golfo da Guiné – porque a Guiné-Bissau é um país onde convergem essas duas correntes e isso traz muito lixo nas nossas praias.
Temos praias nas ilhas desertas, praias somente habitadas pela biodiversidade, onde temos que fazer, todas as semanas, limpezas constantes de lixo e esse lixo é o saco de plástico e outros elementos de plásticos que encontramos nessas praias. O plástico tem um impacto a nível global e principalmente pelos países onde essas correntes acabam por levar esse plástico."
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