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Revista de Imprensa

Tunísia dez anos depois, o desencanto de uma revolução na imprensa francesa

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A Tunísia é um dos temas mais badalados hoje na imprensa francesa.Obviamente com a efeméride hoje assinalada dos dez anos após a imolação de um vendedor ambulante que esteve na origem da revolução de jasmim e das chamadas primaveras árabes.E o tom é de algum pessimismo acerca do momento actual daquele país do norte de África.

Retrato de Mohamed Bouazizi  em Sidi Bouzid, ele que ao se imolar em 2010 esteve na origem da revolução tunisina e das primaveras árabes.
Retrato de Mohamed Bouazizi em Sidi Bouzid, ele que ao se imolar em 2010 esteve na origem da revolução tunisina e das primaveras árabes. © RFI / Michel Picard
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O diário de esquerda "Libération" sobre o que aconteceu em Sidi Bouzid refere em título, citando populares no terreno, que "o que fez Mohamed Bouazizi poderá voltar a acontecer".

O jornal fala em desilusão massiva.

Também o vespertino independente "Le Monde" fala em "gosto amargo das primaveras árabes".

Este órgão de informação alega que a esperança nascida das sublevações populares se revelou rapidamente uma decepção.

Muitas vezes por não haver elites capazes de assumir as rédeas para encarnar uma nova era.

O jornal diz que em Sidi Bouzid o marasmo e o desencorajamento apagaram a chama revolucionária.

O presidente da ong International Crisis Group afirma ao diário que a esperança se transformou em tragédia.

Segundo Robert Malley o mais surpreendente é o facto de que, após todos estes massacres, a população esteja ainda pronta em voltar a sair à rua. Tal seria a prova da intensidade da rejeição destes governos e a coragem dos que a eles se opõem.

Este tema merece manchete no católico "La Croix" com o título "Tunísia: uma revolução inacabada".

Os tunisinos saboreiam as novas liberdades, mas sofrem com uma crise económica profunda, pode ler-se.

As revindicações de trabalho e de dignidade ficaram por satisfazer, escreve o jornal.

Em todo o lado a Tunísia ferve de fúria, com todo o tipo de bloqueios, de estradas, de fábricas, concentrações e greves que mergulham a economia para os abismos.

Habitantes de regiões esquecidas, técnicos superiores no desemprego, jornalistas, magistrados, pessoal de saúde... no país assistir-se-ia a um desfile permanente de manifestantes pedindo emprego, condições dignas de trabalho, o fim da corrupção ou acesso à água, ao gás ou à saúde.

Também o comunista "L'Humanité" optou por pegar neste assunto descrevendo a humilhação e a injustiça sofridas pelo vendedor em causa.

O diário interessa-se pela família de Mohamed Bouazizi, a sua mãe fala num "filho muito bom, orgulhoso embora fosse tão pobre", citamos.

Mudando de tema o conservador "Le Figaro" denuncia uma guerra de falsas informações franco-russas na República centro-africana.

Uma guerra de influência entre russos e franceses quando a RCA vai às urnas no próximo dia 27.

Ainda sobre África, mas agora no "Le Monde" o chefe de Estado maior general das forças armadas francesas, o general Lecointre, quer limitar o nível do compromisso das forças francesas enquanto a ameaça jihadista persiste.

A França e o Mali divergem quanto à ideia de se negociar com forças islamitas, uma opção que Bamaco aceitaria, mas que Paris descarta.

Ainda neste jornal destaque para uma decisão da justiça britânica alegando que a morte de uma menina de 9 anos em 2013 poder-se-ia também ficar a dever devido à poluição do ar.

Em causa o facto de esta criança com uma insuficiência respiratória aguda, com uma forma severa de asma, ter estado exposta a níveis de poluição elevados devido ao tráfico rodoviário.

Terminamos com o desportivo "L'Equipe" cuja manchete se prende com a liderança do Lille do campeonato francês de futebol de primeira divisão.

Um clube cuja venda é iminente, o proprietário está em negociações com um fundo de investimento.

Gérald Lopez, o empresário hispano-luxemburguês, deverá ceder a presidência a Olivier Létang, antigo patrão do Rennes.

 

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