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Mafalda conta nas redes sociais o quotidiano de uma negra em Portugal

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Mafalda Fernandes criou em 2021 uma conta no Instagram para denunciar e combater o racismo em Portugal, fazendo publicações sobre a discriminação na sua vida, mas também explicando conceitos e lembrando a história dos negros no Mundo. Mais tarde acabou por criar no Porto, a sua cidade natal, a primeira visita-guiada que mostra a história dos negros na Invicta.

Mafalda Fernandes nasceu e cresceu no Porto e decidiu começar visitas guiadas que falam sobre a história da presença dos negros na cidade Invicta.
Mafalda Fernandes nasceu e cresceu no Porto e decidiu começar visitas guiadas que falam sobre a história da presença dos negros na cidade Invicta. © Catarina Falcao
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O combate ao racismo também se faz hoje através das redes sociais. Para denunciar o racismo vigente em Portugal, mas também desconstruir ideologias políticas ou ainda falar de movimentos globais, Mafalda Fernandes, uma jovem do Porto, criou o perfil “Quotidiano de uma negra” no Instragram onde já reúne uma comunidade de mais de 10 mil pessoas.

"Eu acho que as redes sociais são muito importantes para partilharmos informação credível e informação que dificilmente instituições ou jornais muitas vezes não conseguem partilhar e portanto eu uso muito as minhas redes sociais, mais no sentido de criar consciência nas pessoas do que é que é ser uma vivência em Portugal como pessoa negra", explicou Mafalda Fernandes.

Esta jovem activista que nasceu e cresceu no Porto, disse que desde que a extrema-direita começou a ganhar relevância em Portugal, a presença na internet já lhe valeu ameaças de morte.

"Claro que eu acho que os ataques têm muito a ver com com a nossa exposição, não é? Apesar de tudo, as minhas redes sociais aparecem. Sinto que ultimamente os ataques são mais constantes, não tanto nas redes sociais, mas mais no meu dia a dia. Sinto uma insegurança muito maior na minha vida do que o que sentia no passado, nas redes sociais. No ano passado lembro-me de ter uma situação muito complicada, de uma ameaça de morte a que nunca tinha acontecido, mas aconteceu ali", indicou a jovem.

De forma a acabar com a discriminação, segundo Mafalda Fernandes, falta ainda a sociedade portuguesa reconhecer o racismo vigente no país e haver uma maior atenção às necessidades das pessoas racializadas. 

"Primeiro, nós precisamos reconhecer que Portugal é um país estruturalmente racista para podermos ter qualquer tipo de medidas contra este racismo estrutural, nós temos que o reconhecer, não é? É algo que é muito difícil para muitos partidos de fazer. Depois temos a questão dos números. Nós não sabemos quantas pessoas negras vivem em Portugal e se nós não sabemos quantas pessoas negras vivem em Portugal, fica muito difícil avaliar quais é que são as necessidades deste grupo. Depois temos a questão da violência policial, que é muito pouco falada em Portugal", descreveu a activista.

Este activismo nas redes sociais levou-a também a criar a primeira visita-guiada que mostra a história dos negros no Porto, que atrai pessoas vindas um pouco de todo o Mundo, mas especialmente muitos norte-americanos que querem saber mais sobre o tráfico de escravos iniciado por Portugal no século XV. No entanto, para Mafalda Fernandes esta foi uma forma de se aproximar de outras pessoas negras.

"Esta visita é uma forma de eu me poder aproximar mais a outras pessoas negras aqui na cidade do Porto e perceber também qual é que é a vivência delas. O objectivo principal é que as pessoas que vêm, os meus clientes que aparecem nestas visitas que eu faço possam conhecer diferentes negócios negros aqui no Porto e que possam consumir nos mesmos, para também assim elevar a comunidade através daquilo que possa ser o seu poder económico, que também é algo muito importante numa sociedade capitalista", concluiu.

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