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João Berhan mostrou a nova “chanson portugaise” em Paris

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Chama-se João Berhan, é um cantautor português, que escreve “canções de amor e desamor” e faz da saudade “naftalina”. Canta “o amor nas entrelinhas” e espelha com ironia os problemas de um Portugal dito contemporâneo, esperando que “a mensagem fure ouvidos”. Diz que não faz música de intervenção, mas defende a intervenção pela música. João Berhan foi a Paris mostrar o que é a “chanson portugaise”, em plena abertura da Temporada Cruzada Portugal-França.

João Berhan, Théâtre du Châtelet, Paris. 13 de Fevereiro de 2022.
João Berhan, Théâtre du Châtelet, Paris. 13 de Fevereiro de 2022. © Carina Branco/RFI
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Da palavra à canção, João Berhan fala de revolução, emigração e roupa velha. Em 2012, gravou em casa o disco de estreia, Toda a Gente a Fugir para a Frente, em 2018 lançou o segundo álbum Roupa Nova e em Fevereiro de 2022 foi a Paris mostrar o que é a “chanson portugaise”, em plena abertura da Temporada Cruzada Portugal-França.

Joao Berhan escreve com os pés na terra mas envia mensagens para quem emigrou. Canta fados gentrificados, desencantados e “enxaguados”. "Tenho canções de amor, canções de desamor, mas também tenho canções que são o reflexo da sociedade em que vivemos. Se é para serem ouvidas, então que permitam às pessoas reflectir. Não tenho a pretensão de fazer uma actividade política com a minha música, mas é normal que as minhas canções reflictam os problemas tal como eu os vejo", descreveu à RFI no Théâtre du Châtelet.

Nas canções, fala de revolução, “habitação, educação, saúde e pão” mas também de vinho, diz que “o povo quer é sangria e vende a sua liberdade pelo carro, pela moradia”. Avisa que “a insurreição cabe a alguns, a outros não”… Por isso, rejeita ser herdeiro da música de intervenção dos anos 70 ainda que seja obrigatório intervir.

"Não sou herdeiro de ninguém, os meus pais e avós não são cantores de intervenção. No fundo, a canção de intervenção ficou lá, era a canção necessária para aquela altura", explica. Perguntamos, por isso, se a canção de intervenção não é necessária em Portugal em 2022, ao que responde: "É. Claro que é. Mas é uma canção que não está cristalizada na estética e nos assuntos dos anos 70. Era importante que todos os artistas, que queiram, reflectissem um bocado sobre o que significa estarem a cantar num palco e a editar discos e que em vez de produzirem só canções para entrar no circuito das rádios e dos concertos, tentassem fazer a sua parte para intervir. No fundo, não sou herdeiro de  nenhuma mensagem dos cantores de intervenção mas acho que é importante fazer a intervenção pela música hoje em dia."

João Berhan, um dos cantautores da nova “chanson portugaise”, desempoeirou a língua de Camões por terras de Molière, neste domingo, 13 de Fevereiro, na Temporada Cruzada Portugal-França. Oiça a entrevista neste programa.

09:49

Joao Berhan na Temporada Cruzada Portugal-França

 

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