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Guiné-Bissau: "A fragilização e desconstrução do Estado é cada vez mais acentuada"

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É lançado este sábado, 20 de Janeiro, nos jardins da Tiniguena, em Bissau, o livro “Desconstrução de um Estado por construir”, de Rui Jorge Semedo, investigador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa da Guiné-Bissau. Um “convite à reflexão sobre o recente processo de formação do Estado da Guiné-Bissau”, país que até hoje não conseguiu cumprir o sonho de Amílcar Cabral. 

Capa do livro "Desconstrução de um Estado por construir" de Rui Jorge Semedo.
Capa do livro "Desconstrução de um Estado por construir" de Rui Jorge Semedo. © DR
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No dia em que se assinalam 51 anos do assassínio de Amílcar Cabral à Conacri, Rui Jorge Semedo apresenta uma obra que reúne os discursos de Ano Novo dos diferentes presidentes da Guiné-Bissau, desde 1973 até 2019.

Nas palavras do autor, o livro é um “convite à reflexão sobre o recente processo de formação do Estado da Guiné-Bissau, desde 1973 até 2019. Através dos tradicionais discursos de Ano Novo, dos sucessivos Presidentes da República, procurar ler o país: como iniciamos, por onde passamos e onde estamos actualmente. Geralmente, os discursos procuram fazer uma retrospectiva daquilo que foi o ano findo e depois projectar o Ano Novo.

A obra está estruturada em quatro partes: de 1973 a 1980 representa o período do estado Novo; de 1980 a 1990 a decadência do Estado Novo; de 1991 a 1997 o período da reforma do Estado e de 1998 até 2019 o período de fragilização do Estado.

Rui Jorge Semedo faz a radiografia do país com recurso à análise dos discursos dos diferentes Presidentes do país, um trabalho que acaba por ser o início de uma compilação da história política recente da Guiné-Bissau que abre agora “perspectivas futuras para novas investigações”.

Questionado sobre se continua válido o sonho de Amílcar Cabral de construir “uma Guiné-Bissau capaz de andar pelos próprios pés e pensar pela própria cabeça”, o analista político guineense é peremptório:“O sonho ainda está adiado. Começou a ser adiado com o assassínio de Amílcar Cabral a 20 de Janeiro de 1973."

O sonho ainda está adiado. Começou a ser adiado com o assassínio de Amílcar Cabral a 20 de Janeiro de 1973.

A Guiné-Bissau até hoje não conseguiu andar com os seus próprios pés e não está também a pensar com a sua própria cabeça.

Basta, por exemplo, acompanhar esse percurso, não terminar em 2019, mas seguir até à data presente. A fragilização, a desconstrução, é cada vez mais acentuada.

Hoje, por exemplo, na Guiné-Bissau, temos apenas uma única instituição a funcionar, que é a Presidência da República, dentro de um contexto democrático.

O que é errado, não só da perspectiva do sonhado por Amílcar Cabral, mas dentro do quadro legal, do ponto de vista constitucional.

Não é admissível, não é legal ter dentro do contexto democrático um único órgão, uma única instituição a funcionar sem poder dar indicações para quando voltar à normalidade constitucional.”

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