Moçambique celebra hoje os 30 anos dos Acordos de Paz de 1992 que puseram um termo à guerra civil no país, uma paz que não existe actualmente em Moçambique, com Edson Cortez, director-executivo do Centro de Integridade Pública, a relatar que só "um tolo" acreditaria na paz num país assolado por ataques terroristas que já se estendem para além de Cabo Delgado e numa altura em que o Presidente Filipe Nuysi parece estar a preparar um terceito mandato como Chefe de Estado moçambicano.
"Só um tolo, ignorante ou pateta diria que há paz em Moçambique, claro que Moçambique é um país que está em guerra, mesmo se o Estado moçambicano nunca assumiu isso porque não lhe convém assumir. Temos um milhão de moçambicanos que estão deslocados", disse Edson Cortez aos microfones da RFI.
Os ataques estão agora a assolar Nampula, deixando de haver previsibilidade sobre as acções dos terroristas no terreno.
"Até há um ou dois anos havia previsibilidade sobre a zona de conflito, agora já nem há essa previsibilidade, então os ataques na província de Cabo Delgado e a Norte da pronvíncia de Nampula, ninguém pode prever quando é que estes ataques vão acontecer e o Governo de Moçambique tenta tapar o Sol com a peneira", indicou Edson Cortez.
Para o activista da sociedade civil, a pressão da empresa Total para avançar com o projecto da extração do gás natural liquefeito na Bacia do Rovuma, especialmente numa altura que a Europa quer deixar de ser dependente da Rússia em matéria de energia, é evidente, com o compadrio do Governo moçambicano que apela ao regresso das populações deslocadas sem haver ainda uma paz duradoura.
Com um possível terceiro mandato no horizonte para Filipe Nyusi, que obrigaria à mudança da Constitução, Edson Cortez considera que há vários sinais que indicam esta possibilidade, especialmente o enfraquecimento de outra figuras importantes dentro do partido do governo, a Frelimo.
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