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Vladimir Putin “é inimigo do mundo, destruir é a vida dele”

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Natalyia Barchuk vive em Portugal há 22 anos. Já foi empregada de limpeza, actualmente é médica de clínica geral em Lisboa. A família desta ucraniana ainda se encontra em Truskavets, perto de Lviv. O sobrinho de 9 anos vai ser o único a deixar a Ucrânia. O irmão e a cunhada de Natalyia ficam. 

A Rússia lançou a 24 de Fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já levou à fuga de mais de dois milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU.
A Rússia lançou a 24 de Fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já levou à fuga de mais de dois milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU. AFP - YURIY DYACHYSHYN
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Emocionada e revoltada, Natalyia Barchuk acusa o Ocidente por esta invasão: “porque ninguém fez nada em 2014 quando foi invadida a Crimeia. (...) O homem [Vladimir Putin] não foi punido naquela altura”, quando “já manifestava os seus planos e que não iria parar por aí”. Se em 2014, Moscovo tivesse sido punido, provavelmente, não teríamos chegado a este ponto”. 

Natalyia Barchuk defende que no terreno as tropas ucranianas têm conseguido impedir o avanço dos russos, mas apela ao encerramento do espaço aéreo na Ucrânia: “fechem o céu, por favor!”.  

 De sublinhar que o Presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky pediu o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, mas a opção foi descartada pela NATO e pelos Estados Unidos. Além disso, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, considerou a zona de exclusão aérea como uma "participação num conflito armado".

A médica ucraniana lembra que Vladimir Putin “não só inimigo da Ucrânia”, “é inimigo do mundo” que quer reconstruir o “grande império da União Soviética”. Vladimir Putin “tem 70 anos”, “quer atingir o objectivo e demonstrar ao mundo que é superior”. “Destruir é a vida dele”. 

Questionada sobre a população russa e a sua posição face a este conflito, Natalyia Barchuk é peremptória a dizer que “ maioria não sabe o que se passa na Ucrânia”, mas também “nao que saber, desde que com eles esteja tudo bem”. “Eu culpo-os todos, porque eles não se revoltam, não se manifestam”. A maioria da população “está com ele [Vladimir Putin] e apoia-o na totalidade”. “As pessoas que estão contra esse regime estão mortos, presos ou fugiram do país”, remata. 

Entretanto, no fim da semana passada, a União Europeia aprovou a concessão da protecção temporária para os refugiados que fogem do conflito na Ucrânia. De acordo com o documento, os deslocados e os seus familiares acolhidos na União Europeia, receberão um visto de residência que lhes dará acesso à educação e ao mercado de trabalho durante um ano. Natalyia Barchuk sublinha que os países que têm vindo a “acolher refugiados estão a fazer o melhor possível", mas lembra as dificuldades de “começar tudo do zero” num país diferente, “algumas pessoas já não têm idade para isso”. Além disso, não acredita que as ofertas de trabalho sejam significativas: “duvido muito, os próprios residentes não têm assim muito trabalho. Para ter algum trabalho melhor têm de falar a língua”.   

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