A 26 de Junho, seis pianistas, duas gerações celebraram a música de Bernardo Sassetti. A Mário Laginha, Pedro Burmester e João Paulo Esteves da Silva, juntaram-se Filipe Melo, Daniel Bernardes e João Pedro Coelho. As notas ecoaram no Centro de Artes de Belgais. Como é que os pianos chegaram a Escalos de Baixo?
Para chegar ao Centro de Artes de Belgais é preciso percorrer 25 quilómetros, partindo de Castelo Branco, atravessar aldeias desertas, vislumbrar oliveiras e eucaliptos que nos conduzem à casa da pianista portuguesa Maria João Pires.
Para além da curva da estrada, a casa não se vê, mas conseguimos imagina-la e as expectativas concretizam-se quando se avista a herdade de Belgais. Lá dentro, vinte anos de pormenores construídos com um cuidado, que é próprio à Maria João Pires. Com o tempo, ao lago de peixes vermelhos juntaram-se rãs e nenúfares.
Quando não tem concertos internacionais, a grande intérprete de Chopin, Mozart, Beethoven trabalha em Belgais, recebe grupos de jovens pianistas para estágios. Como é que os pianos chegaram a Escalos de Baixo? Muitas pessoas não procuram conselhos, mas aprender a escutar, partilhar sensações, procuram um espaço de silêncio e de reflexão.
"Este espaço é muito humilde, não temos meios, é um espaço extremamente humilde, mas a partir do momento em que continua verdadeiro e a servir o objectivo é isso que é importante", descreve Maria João Pires.
"Esta é uma casa que construi há muitos anos, há mais de vinte anos. Comprei o terrenos há coisa de quarenta anos, quando ainda era uma ruína com muitas pedras romanas e fui construindo quando isto ainda era muito puro", recorda.
O pianista Pedro Burmester assistiu ao nascimento de Belgais, "um espaço à imagem de Maria João Pires. Ela tem uma dimensão mundial como poucos artistas portugueses têm, tiveram ou terão".
Para o pianista Filipe Melo Belgais "é uma espécie de céu dos pianistas. Este é um sítio perfeito. Neste momento estamos aqui a falar e está aqui um lago, uma brisa incrível e estamos a ouvir dois dos melhores pianistas do mundo a tocar aqui ao lado. Este sítio é como a cultura deveria funcionar, isto deveria ser o normal e não uma excepção".
Um espaço onde a criatividade e a imaginação são mestres. "A música mais maravilhosa que existe em Portugal foi feita ou desenvolvida aqui", descreve a directora artística da Casa Bernardo Sassetti, Inês Laginha.
João Paulo Esteves da Silva esteve em Belgais durante uns dias em Junho. Como diz o pianista esteve "num mundo melhor".
É neste espaço que Maria João Pires oferece um ambiente propício à procura individual no que diz respeito à criação artística, desde a música até às artes plásticas." Se há sítio que impulsiona a arte e a música é este. É um sítio incontornável" para João Pedro Coelho.
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