A situação em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, palco de ataques de grupos armados desde 2017 não tende a apaziguar-se e mais de 800 mil pessoas já se viram forçadas a deixar as suas áreas de origem devido à insegurança reinante.
É neste contexto volátil que trabalham os jornalistas dos meios de comunicação locais, com as restrições de movimentação inerentes à situação sanitária, mas também de segurança.
O órgão católico "Rádio Sem Fronteiras" emite desde 2005 a partir de Pemba, a capital provincial, nas 5 línguas faladas na região. De passagem recentemente por Pemba, a RFI falou com o director desta estação, o Padre Latifo Fonseca que evocou o papel educativo e de elo social desempenhado pela Rádio Sem Fronteiras.
"Promovemos debates, promovemos interacções, promovemos programas específicos no sentido de impulsionar a cidadania", refere o director da estação antes de acrescentar que a rádio "busca não só interagir com as pessoas, mas também ser voz dos que não têm voz".
Ao admitir que "desde 2017, o trabalho tem sido complicado, devido à limitação de viagens" e que a sua equipa "não consegue trazer as notícias de vários lugares", o Padre Latifo Fonseca refere que o "início da pandemia tendo também dificultado muito" a sua missão. "Nós sabemos que o jornalismo é uma questão de risco, então nós optamos por dizer a verdade", refere ainda o director da estação ressalvando contudo que deu orientações para os seus profissionais não se meterem em situações que os coloquem em perigo.
Questionado sobre as perspectivas que se apresentam para Cabo Delgado, o Padre Latifo mostra-se todavia confiante."Houve interrupção de sonhos. Estamos sendo limitados em sonhar, mas somos optimistas que se o governo se empenhar nas negociações, alguma coisa pode mudar. Por meio do diálogo, acreditamos que podem vir dias melhores", conclui o director da Rádio Sem Fronteiras.
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