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Eleitores tanzanianos escolheram hoje o seu Presidente

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Um pouco mais de 30 milhões de eleitores tanzanianos (sobre uma população de 58 milhões de habitantes) foram chamados hoje às urnas para escolher os seus deputados mas também o seu Presidente. Na corrida à magistratura suprema estão 15 candidatos, entre os quais o presidente cessante, John Magufuli, que briga um segundo mandato, o seu principal rival sendo Tundo Lissu que denunciou desde já irregularidades neste escrutínio.

Mesa de voto em Zanzibar neste dia 28 de Outubro.
Mesa de voto em Zanzibar neste dia 28 de Outubro. AFP/Patrick Meinhardt
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No poder desde 2015, aos 60 anos aquele que responde à alcunha de "Bulldozer" disputa um novo mandato de 5 anos com as cores do "Chama Cha Mapinduzi" (CCM - Partido da Revolução), partido que tem estado sempre no poder desde a independência do país em 1961. Do outro lado do xadrez político, o seu mais sério adversário é o opositor Tundo Lissu, candidato do Chadema (Partido para a Democracia e o Progresso) que, após um exílio de três anos subsequente a uma tentativa de assassinato, regressou há alguns meses para fazer frente a um Chefe de Estado que tem sido acusado de deriva autoritária.

Apesar de um balanço económico saudado internacionalmente, com previsões de crescimento de 1,9% este ano, o Presidente cessante que destaca igualmente a luta contra a corrupção, a extensão da educação gratuita ou ainda o lançamento de novas infra-estruturas, não tem deixado de ser isento de críticas. Neste quadro que faz figura de excepção em plena pandemia, o poder de John Magufuli tem precisamente ocultado a situação da covid-19 no país. Ainda no passado mês de Junho, o Presidente declarou que "o vírus tinha sido totalmente eliminado por Deus graças às orações dos tanzanianos".

Os detractores do Chefe de Estado também apontam o recuo dos Direitos Humanos, as detenções de activistas e jornalistas, a eliminação física de opositores, a proibição de encontros políticos fora dos períodos eleitorais, bem como o encerramento de jornais. Neste contexto, a oposição expressou ainda hoje receios de que o processo eleitoral possa não ser totalmente justo, ao destacar nomeadamente que vários membros da Comissão Eleitoral foram directamente nomeados pelo Presidente.

Ainda ontem, em vésperas das eleições, o próprio embaixador americano no país, Donald Wright declarou na rede Twitter ter ficado "alarmado com informações provenientes de Zanzibar e outros pontos do país, sobre violências mortes e detenções". Com efeito, no caso específico de Zanzibar, ontem a oposição acusou as forças de segurança de terem abatido 10 pessoas, o que a polícia desmentiu. Neste arquipélago semi-autónomo dirigido pelo partido que também está no poder a nível central, os eleitores foram consultados hoje para eleger o seu próprio executivo e o seu parlamento, numa altura em que a oposição independentista tem vindo a ganhar protagonismo.

Ao fazer uma radiografia pouco auspiciosa da situação vivenciada nos últimos cinco anos pela Tanzânia, Silvério Ronguane, professor e Vice-Reitor da Universidade São Tomás de Moçambique, mostra-se pouco optimista quanto ao desfecho do processo eleitoral desta quarta-feira. "Quando um povo está acostumado a uma relativa democracia, ao respeito das liberdades fundamentais, quando se rompe isto em nome de um nacionalismo e em nome da economia, isto não nos augura boas coisas", considera o investigador.

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