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Ciclismo

José Sousa: «É importante falar-se da segurança dos ciclistas»

A temporada de ciclismo está ao rubro com a realização das corridas mais prestigiantes de um dia, os ditos monumentos da Primavera, isto antes das Grandes Voltas, o Giro na Itália a partir de 4 de Maio até 26 do mesmo mês, ou ainda a Volta a França, o Tour, que decorre de 29 de Junho a 21 de Julho.

José Sousa, ciclista português.
José Sousa, ciclista português. © Cortesia José Sousa
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No passado domingo, o Tour des Flandres, prova belga, foi conquistada pelo neerlandês Mathieu van der Poel (Alpecin - Deceuninck), actual Campeão do Mundo, que se impôs isolado, com um minuto e 02 segundos de vantagem sobre o segundo classificado, o italiano Luca Mozzato (Arkéa - B&B Hotels) e sobre o terceiro, o alemão Nils Politt (UAE Team Emirates).

No próximo domingo, 7 de Abril, decorre a mítica prova francesa, o Paris-Roubaix, em que Mathieu van der Poel, vencedor em 2023, é o grande favorito à vitória.

As quedas têm sido um problema neste início de temporada com várias provas interrompidas, inclusive na quinta-feira, na Volta ao País Basco, a corrida foi neutralizada após uma queda que provocou as desistências de vários líderes com ferimentos graves: o dinamarquês Jonas Vingegaard, com clavícula e várias costelas fracturadas, o belga Remco Evenepoel, com clavícula e omoplata fracturadas, e o esloveno Primoz Roglic, que ficou com contusões pelo segundo dia consecutivo.

Recorde-se que Jonas Vingegaard venceu duas vezes a Volta a França, Primoz Roglic arrecadou três Voltas a Espanha e uma a Itália, e Remco Evenepoel triunfou na Volta a Espanha e foi Campeão do Mundo. Atletas de alto nível que têm as participações em dúvida na Volta a França para a qual os três eram candidatos ao triunfo final.

De notar que a quarta etapa da Volta ao País Basco foi disputada entre os seis ciclistas que estavam em fuga e foi conquistada pelo sul-africano Louis Meintjes (Intermarché - Wanty). O novo líder da prova é agora o dinamarquês Mattias Skjelmose (Lidl - Trek), isto quando faltam duas etapas para o fim da prova.

Em França, também há uma corrida por etapas, o 'Circuit des Ardennes', Circuito das Ardenas, com a participação da equipa portuguesa Sabgal/Anicolor.

A primeira etapa decorreu entre as cidades de Juniville e de Asfeld, numa distância de cerca de 165 quilómetros, foi conquistada pelo norueguês André Drege (Team Coop - Repsol), que também veste a camisola amarela de líder. O grupo principal chegou com 37 ciclistas na frente, inclusive com dois da equipa lusa, os dinamarqueses Mathias Bregnhøj e Julius Johansen, respectivamente 26° e 34° na etapa inaugural.

Mathias Bregnhøj venceu a prova em 2023 quando corria com a equipa dinamarquesa Leopard TOGT Pro Cycling.

José Sousa, ciclista português.
José Sousa, ciclista português. © Cortesia José Sousa

A RFI falou com José Sousa, ciclista português de 24 anos, que já representou o Miranda - Mortágua, a Kelly / Simoldes / UD Oliveirense, e agora a Sabgal/Anicolor, em Portugal.

Nesta temporada de 2024, José Sousa já participou em seis provas, sendo que o melhor resultado foi um décimo lugar na Clássica de Santo Thyrso em território luso.

Em entrevista à RFI, José Sousa, ciclista português da equipa Sabgal/Anicolor, que terminou no lugar 128 na primeira etapa a 16 minutos e 20 segundos do vencedor, abordou esta temporada com a sua nova equipa, revelou-nos como surgiu a paixão pelo ciclismo, e comentou os temas da actualidade entre quedas na modalidade e a prova Paris-Roubaix deste domingo.

RFI: Quais são os objectivos da equipa para esta prova?

José Sousa: O objectivo para esta prova é, como o Mathias Bregnhøj da nossa equipa encontra-se em boa forma, tentar ajudá-lo a discutir a corrida, seja para uma vitória ou entrar na discussão da corrida. Vai ser esse o nosso objectivo e, da minha parte, é ajudar a equipa no que puder.

RFI: Como correu a primeira etapa?

José Sousa: A primeira etapa correu relativamente bem. Ao quilómetro 70, o pelotão fraccionou-se todo por causa do vento e a equipa deixou o Mathias Bregnhøj e o Julius Johansen na melhor posição possível para passar na frente. E chegaram na frente um grupo de 25 ciclistas, por isso correu tudo bem.

RFI: O que representa para si correr e participar em provas em França?

José Sousa: Acho que participar em corridas em França e o que difere mais das corridas em Portugal, é que se nota que as pessoas gostam bastante de ciclismo. Há sempre muita gente que vem pedir assinaturas com fotos nossas e muita gente que coleccionam coisas de ciclismo. E acho que é um país com tradição no ciclismo.

RFI: Em 2021 participou com a selecção portuguesa na prova Étoile d’Or, em França, entre 2021 e hoje, entre essas duas provas francesas, que evolução teve o José?

José Sousa: Desde 2021 que corri aqui em França já evoluiu bastante em todos os aspectos, física e psicologicamente. E sinto-me, como é óbvio, com mais maturidade também e mais experiência. Isso acaba por ser uma vantagem.

RFI: Este ano juntou-se a Sabugal/Anicolor. Como tem sido este início de época com a sua nova equipa?

José Sousa: Para já estou feliz com a equipa. Temos feito corridas de grande nível, nomeadamente na Turquia e em Espanha. Sinto que foi uma evolução para mim estar numa equipa que dá melhores condições e no fundo também começámos a evoluir ainda mais do que na equipa que estava.

RFI: Quais são as ambições pessoais para esta temporada?

José Sousa: As ambições pessoais para este ano é sempre evoluir um pouco mais do que o ano passado. Isso significa ajudar a equipa a ganhar ou ter alguma vitória minha pessoal, é um pouco indiferente. Acho que se for evoluindo também, depois os resultados vão aparecer e acho que isso é que é o mais importante.

RFI: Como surgiu a paixão pelo ciclismo?

José Sousa: A paixão pelo ciclismo surgiu naturalmente. Meu pai era ciclista, meu avô foi ciclista, foi-me apresentado a bicicleta e pronto. Acho que naturalmente fui gostando e fui evoluindo sempre.

RFI: É complicado chegar ao sonho de ser profissional, visto que não é uma modalidade com muitos meios em Portugal, comparando com o futebol?

José Sousa: Não creio que seja complicado, mas acho que também a maneira como o ciclismo é divulgado não é a melhor. Acho que isso pode ser, se calhar, também o principal factor de não haver mais ciclistas profissionais em Portugal.

RFI: Queria falar consigo de um assunto que está na actualidade. Tem havido muitas quedas até ontem no País Basco. É um problema que falam entre si ou é algo habitual haver quedas? Parece que ultimamente tem-se falado muito mais, aliás, corridas foram interrompidas devido a quedas.

José Sousa: Eu acho que as quedas acabam por ser uma coisa normal no ciclismo. Eu acho que uma coisa até é positiva hoje em dia é falar-se mais sobre isso, principalmente falar-se na segurança dos ciclistas, e de tudo o que se possa fazer para melhorar essa questão.

RFI: Domingo há a prova Paris-Roubaix, é uma prova que aprecia e o que acha que pode acontecer nesta edição?

José Sousa: Sim, o Paris-Roubaix é uma prova que aprecio sempre. Sempre gostei de ver, principalmente pelo espectáculo que dá. Mediante qualquer coisa que aconteça, espero que haja um grande espectáculo de ciclismo. É uma corrida muito prestigiante. Por acaso até estou com o André Carvalho no quarto e ele partilha a experiência que foi prestigiante para ele fazer um Paris-Roubaix pela Cofidis. Por isso, que seja uma corrida com espectáculo e que não haja nenhum azar para ninguém.

 

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José Sousa, ciclista da Sabgal 05-04-2024

 

Ciclismo. Imagem de Arquivo.
Ciclismo. Imagem de Arquivo. © AFP - THOMAS SAMSON

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