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Râguebi

João Mirra: «Estamos a preparar o futuro e o apuramento para o Mundial de Râguebi»

A Selecção Portuguesa de râguebi perdeu por 10-36 frente à Geórgia na final do Campeonato da Europa - Europe Championship - num jogo que decorreu em Paris, capital francesa.

A Selecção Portuguesa de Râguebi.
A Selecção Portuguesa de Râguebi. © AFP - CHARLY TRIBALLEAU
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No Estádio Jean Bouin, em Paris, em território francês, decorreram os jogos da fase final do Campeonato da Europa de râguebi, do oitavo ao primeiro lugar.

Nos encontros que ditavam medalhas, a Espanha venceu a Roménia por 40-33 e arrecadou o bronze, enquanto na final foi a Geórgia que levou o ouro para casa.

No jogo decisivo, que era uma reedição da final do ano passado, ganha pelos georgianos, Portugal perdeu por 10-36 em Paris e arrecadou a medalha de prata como há um ano, enquanto a Geórgia levantou o troféu pela sétima vez consecutiva.

Selecção Portuguesa de Râguebi.
Selecção Portuguesa de Râguebi. © AFP - NICOLAS TUCAT

No fim do encontro a RFI falou com João Mirra, treinador da selecção portuguesa, analisou este encontro, afirmando que agora é olhar para o futuro desta equipa.

RFI: Que análise podemos fazer deste encontro?

João Mirra:Não fomos bons o suficiente. Dar os parabéns à Geórgia. Eles foram mais fortes. Foram mais fortes no combate, no ‘ruck’, no ‘maul’, na ‘mêlée’, e a partir daí ficou difícil. Não tivemos a paciência para manter a posse de bola, contra uma equipa tão física que, a defender tão bem, nós precisávamos de ter várias fases, construir, construir. Nós não conseguimos fazer isso. Perdemos muitas vezes a bola no ‘ruck’ e eles foram mais fortes do que nós. Agora faz parte. Isto é uma derrota, obviamente. Nós não gostamos de vitórias morais. Nós conseguimos o primeiro objectivo, que era chegar aos quatro primeiros. O segundo era alargar o leque de jogadores e o terceiro era ganhar esta competição. Não ganhámos. É uma derrota, mas faz parte. São dores de crescimento de onde nós viemos. A primeira semana desta competição foi muito difícil, dar os parabéns aos jogadores, que eles mostraram muito carácter, não desistiram e abriram-nos mais as portas do futuro. Nós olhamos para o grupo que temos, é um grupo mais jovem, é um grupo com mais escolhas e isso vai tornar o papel dos treinadores no futuro mais fácil.

RFI: O arranque da Geórgia de algum modo surpreendeu ou era aquilo que estava à espera?

João Mirra: Não nos surpreendeu. Nós sabemos que é uma equipa que começa sempre os jogos a impor-se fisicamente. Nós não fomos é capazes. Culpa dos treinadores, não dos jogadores. Não fomos capazes de desconstruir essa maneira que a Geórgia normalmente entra nos jogos. Mas não foi uma surpresa. Eles são é tão fortes, e nós mesmo assim não fomos capazes de combater isso.

RFI: Como é que tem sido esta nova geração que está a aparecer?

João Mirra: Tem feito uma coisa, além da qualidade, tem mostrado muito carácter. Repetindo, nós não começámos bem, começámos mesmo mal. Agradecer às pessoas também estiveram connosco na derrota, na vitória também. Mas na vitória é mais fácil. E estes jogadores jovens que, no meu entender, os jogadores jovens foram injustiçados na primeira semana de competição, levaram críticas que eles ainda não tinham feito nada, nem tinham culpa naquilo que estava a acontecer. Não se foram embora, ficaram cá, fizeram coisas muito boas durante esta competição. Hoje falhámos. Mas temos de ter a capacidade de olhar para o global. E eles foram brilhantes em relação a isso, porque há aqui os jogadores, óbvio, que hoje se notou falta de experiência. Se eles ainda não tinham passado por este acontecimento, é óbvio que a experiência é isso. Mas a próxima vez que cá estiverem já não vão ter essa falta de experiência, e isso também se ganhou. Não é uma vitória moral, mas é uma vitória que nós olhamos a médio, longo prazo, que vai ser importante para futuras competições.

RFI: É complicado o pós-mundial? Recuperar os jogadores desse pós-mundial? Jogo complicado frente à Bélgica, mas, entretanto, depois recuperaram e estiveram nesta final.

João Mirra: Complicado são outras coisas na vida. Este desporto é maravilhoso. Nós não somos muito a coisa do chorar. Há coisas muito mais complicadas. Nós nem nos atrevemos a dizer que isto é complicado. Faz parte. Acho que nós tínhamos que ter a coragem de perceber que queremos ganhar à Bélgica com quase de certeza, ou queremos preparar o futuro. Nós queremos preparar o futuro porque estão, e nós estamos, a servir Portugal, e Portugal não acaba amanhã. Portugal é infinito e é isso que nós vamos ter que fazer. Tínhamos de ter a coragem. Correu mal naquele momento, no resultado final daquele jogo. Mas a verdade é que nós, hoje em dia, a selecção está mais preparada para o próximo apuramento para o Campeonato do Mundo, porque não vamos estar dependentes de um ou dois jogadores, vamos ter um leque alargado, vai haver competição interna e vai facilitar o trabalho dos treinadores porque eles sabem que se não trabalharem não vão estar nas convocatórias.

RFI: Como é que foi o apoio dos adeptos? Portugal quase jogava em casa.

João Mirra:Claro, é sempre assim aqui em França e foi das coisas que podemos falar sim de recordações. Sempre que jogamos em Portugal também tem crescido muito. Nós hoje em dia já conseguimos ter estádios, temos jogado em estádios de futebol e estádios com uma casa espectacular. Nós gostamos de falar do futuro. Todos nós, jogadores, staff, quando sairmos desta modalidade tão bonita, nós vamos sempre recordar o apoio que tivemos em França. Foi espectacular o que aconteceu aqui, essas sim foram coisas que nos tocaram a nível emocional.

 

03:20

João Mirra, treinador de Portugal 18-03-2024

 

Selecção Portuguesa de Râguebi.
Selecção Portuguesa de Râguebi. © AFP - OLIVIER CHASSIGNOLE

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