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França/Ucrânia

França: envio de tropas à Ucrânia seria "loucura", alertam partidos políticos

Pela primeira vez desde o início da guerra na Ucrânia, o Presidente francês Emmanuel Macron admitiu não excluir o envio de tropas ocidentais para lutar contra a Rússia, provocando reacções de preocupação e indignação da esfera política francesa, da extrema-esquerda à extrema-direita. 

Durante a Conferência Internacional de Apoio à Ucrânia, em Paris, a 26 de Fevereiro, Emmanuel Macron evocou a possibilidade de um envio de tropas ocidentais para a Ucrânia.
Durante a Conferência Internacional de Apoio à Ucrânia, em Paris, a 26 de Fevereiro, Emmanuel Macron evocou a possibilidade de um envio de tropas ocidentais para a Ucrânia. REUTERS - GONZALO FUENTES
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Até ao momento, a hipótese de uma mobilização de tropas ocidentais na guerra na Ucrânia era tabú. Quando, no Eliseu, Emmanuel Macron evocou esta possibilidade, perante cerca de 20 chefes de Estado e de Governo europeus e americanos, reunidos na Conferência Internacional de Apoio à Ucrânia, as reacções da classe política francesa foram de inquietação e apelos à contenção.

A esquerda, Jean-Luc Mélenchon, do partido França Insubmissa, alertou, na rede social X: "Entrar em guerra contra a Rússia seria uma loucura". 

As declarações do Presidente foram tidas como "irresponsáveis" também pelo primeiro secretário do Partido socialista, Olivier Faure, ainda na rede social X: "Apoiar a resistência ucraniana, sim. Entrar em guerra contra a Rússia: loucura."

No partido de extrema-direita União Nacional, Marine Le Pen partilhou a preocupação dos seus adversários políticos, alarmada com aquilo que vê como uma desconsideração ou negligência por parte do Presidente. 

"Emmanuel Macron está a fazer-se de chefe de guerra mas é da vida das nossas crianças que está a falar com tanta despreocupação", escreveu. O presidente do partido Jordan Bardella considerou por sua vez que o chefe de Estado "perdeu o controlo". 

Esta terça-feira de manhã, o Primeiro-ministro Gabriel Attal veio reforçar, ao microfone da radio francesa RTL, as posições do Presidente, reafirmando que "nada é de excluir" numa guerra "que decorre no centro da Europa", incluindo o envio de tropas terrestres.  

Declarações que marcam o fim de dois anos de prudência e moderação por parte dos aliados ocidentais da Ucrânia, preocupados em evitar uma escalada de tensões com a Rússia, detentora da arma nuclear. 

A perspectiva de uma intervenção de tropas ocidentais divide também os aliados, e o próprio Presidente francês admitiu não haver, ainda, nenhum consenso.  No fim da reunião no Eliseu, Emmanuel Macron admitiu: '"Não há consenso, hoje, quanto ao envio de forma oficial e assumida de tropas terrestres. Mas nenhuma hipótese deve ser descartada. Faremos todo o necessário para que a Rússia perca a guerra". 

O Primeiro-ministro cessante dos Países-Baixos, Mark Rutte, pressentido para assumir o próximo mandato de secretário-geral da Nato, garantiu, na segunda-feira à noite, que a questão não estava na ordem do dia. 

Por fim, o próprio Vladimir Putin reagiu, alertando que o envio de tropas à Ucrânia é "absolutamente contra o interesse dos Ocidentais". 

"Estamos totalmente cientes da posição de Macron, que procura impor uma derrota estratégica à Rússia", continuou Putin, alegando que estas declarações do Presidente francês são "muito importantes". E advertiu: "Se for o caso, a discussão terá que evoluir para a inevitabilidade de um conflito com a NATO". 

Durante a conferência, Emmanuel Macron anunciou ainda a criação de uma coligação dedicada ao fornecimento de mísseis, alegando ser necessário "aumentar a produção de armas europeias". Tratam-se de mísseis de média e longa distância, com um alcance superior a 70 quilómetros.   

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