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Ruanda

Human Rights Watch acusa o Ruanda de perseguir os opositores no exterior

A Human Rights Watch acusou hoje as autoridades ruandesas de serem responsáveis de assassinatos, espancamentos e raptos de opositores radicados no estrangeiro e apelou a comunidade internacional a tomar medidas para combater o que chamou de "repressão extraterritorial". Acusações desmentidas pelas autoridades ruandesas.

Ilustração do relatório da Human Rights Watch intitulado "Junta-te a nós ou morrerás - A repressão extraterritorial exercida pelo Ruanda", publicado neste dia 10 de Outubro de 2023.
Ilustração do relatório da Human Rights Watch intitulado "Junta-te a nós ou morrerás - A repressão extraterritorial exercida pelo Ruanda", publicado neste dia 10 de Outubro de 2023. © Human Rights Watch
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Num relatório publicado hoje, a Human Rights Watch aponta o dedo à actuação das autoridades ruandesas relativamente aos dissidentes do regime de Paul Kagame.

No poder desde o ano 2000, poucos anos depois do genocídio de 1994, Paul Kagame foi reconduzido no poder - com mais de 90% dos votos - nas eleições de 2003, 2010 e 2017. Ele anunciou no final de Setembro sua candidatura para um quarto mandato em 2024.

A Frente Patriótica Ruandesa (FPR), partido no poder "respondeu com força e muitas vezes de forma violenta às críticas, implementando uma série de medidas para lutar contra os opositores reais ou presumíveis", afirma a Human Rights Watch que refere ter "documentado mais de uma dezena de casos de assassínios, raptos e tentativas de rapto, desaparecimentos forçados e agressões físicas contra ruandeses instalados no estrangeiro".

Acusações desmentidas pela porta-voz do executivo ruandês, Yolande Makolo, para quem a ONG de defesa dos Direitos Humanos "continua a apresentar uma imagem distorcida do Ruanda que só existe na sua imaginação" quando, pelo contrário - afirma esta responsável- o executivo ruandês tem actuado a favor da "promoção dos direitos, do bem-estar e da dignidade dos ruandeses nos últimos 29 anos".

Baseando-se nos testemunhos recolhidos junto de 150 pessoas dispersas por vários pontos, nomeadamente em França, na África do Sul e nos Estados Unidos, a Human Rights foca a sua atenção sobre abusos notificados a partir de 2017.

De acordo com os dados recolhidos pela ONG, desde Maio de 2021, "pelo menos três ruandeses foram mortos ou desapareceram em circunstâncias suspeitas, enquanto outros dois sobreviveram a tentativas de sequestro" em Moçambique. A Human Rights Watch evoca em particular o caso do empresário e opositor ruandês Seleman Masiya, que tinha pedido asilo em Moçambique e foi morto na sua residência no norte daquele país em Julho do ano passado.

Perante este cenário, a Human Rights Watch lamenta que a comunidade internacional tenha "desviado o olhar quanto ao alcance e à gravidade do balanço deplorável deste país em matéria de Direitos Humanos".

Uma indulgência que, na sua óptica, se deve nomeadamente ao elo forte alimentado pelo Ministério ruandês dos Negócios Estrangeiros com as suas diásporas, às pressões exercidas sobre os familiares dos opositores que permaneceram no país e também à participação do Ruanda em operações de manutenção da paz em África, nomeadamente na República Centro-Africana e em Moçambique.

Segundo a Human Rights Watch, as autoridades ruandesas "violaram um leque de direitos, nomeadamente o direito à vida, o direito de não ser submetido à tortura e o direito a um processo equitativo", esta organização pedindo à comunidade internacional que combata esta "repressão extraterritorial".

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