Acesso ao principal conteúdo
Râguebi

Nuno Sousa Guedes: «Somos um bocado malucos, mas pensamos na vitória frente à Geórgia»

A Selecção Portuguesa de Râguebi vai realizar o seu segundo encontro no Campeonato do Mundo que decorre em França. Os portugueses vão defrontar a Geórgia em Toulouse neste sábado, 23 de Setembro.

Nuno Sousa Guedes (esquerda), internacional português.
Nuno Sousa Guedes (esquerda), internacional português. © AFP - CHRISTOPHE SIMON
Publicidade

Cerca de uma semana após a estreia, e a derrota, de Portugal perante o País de Gales em Nice, os ‘Lobos’ vão agora disputar o seu segundo encontro, desta vez frente aos georgianos em Toulouse, novamente no Sul da França.

A Selecção Portuguesa perdeu por 28-8 frente aos galeses no Estádio de Nice e ocupa actualmente o último lugar, com os mesmos pontos do que a Geórgia que foi derrotada pela Austrália por 35-15.

Neste Grupo C, e após dois jogos disputados para as três primeiras equipas, o País de Gales lidera com dez pontos, à frente da Austrália e das Ilhas Fiji com seis pontos.

Recorde-se que os três primeiros países de cada grupo se apuram directamente para o próximo Mundial em 2027, enquanto apenas os dois primeiros seguem para os quartos-de-final da prova organizada em território francês.

Portugal ainda tem três jogos pela frente, o próximo é já neste sábado 23 de Setembro frente à Geórgia.

As duas nações nunca se defrontaram no Campeonato do Mundo, mas enfrentam-se regularmente nos torneios europeus.

No último confronto, a 19 de Março de 2023, na final do Torneio Europeu das Nações, prova que não conta com as suas principais selecções europeias - Inglaterra, País de Gales, Irlanda, Escócia e França -, a Geórgia venceu por 38-11 a Selecção Portuguesa.

Ensaio de Portugal marcado por Nicolas Martins.
Ensaio de Portugal marcado por Nicolas Martins. © AFP - CHRISTOPHE SIMON

A RFI falou com Nuno Sousa Guedes, internacional português, que se estreou no Campeonato do Mundo diante do País de Gales.

Para Nuno Sousa Guedes, esta prova é uma experiência incrível, ele que pratica râguebi devido à participação de Portugal no Mundial de 2007… primeira participação dos ‘Lobos’ na competição que decorreu, curiosamente, em território francês.

RFI: É o tudo ou nada frente à Geórgia?

Nuno Sousa Guedes: Não é o tudo ou nada porque faltam três jogos neste momento. Mas vamos atacar a Geórgia com a máxima força, como fizemos frente ao País de Gales. Honestamente, talvez somos um bocado malucos, mas pensamos na vitória. Não podemos ir para um jogo destes sem pensar nisto, e a Geórgia já os conhecemos bem. Já jogamos com eles várias vezes. Vai ser um jogo bom para nós.

RFI: Qual foi a sensação de estar no relvado no Estádio em Nice para essa sua estreia no Mundial?

Nuno Sousa Guedes: Foi uma loucura! Temos habitualmente uma reunião de entrega das camisolas, antes do jogo, e aquilo que foi mais falado foi: “controlem as vossas emoções”. Por exemplo, em 2007, sente-se que foi tanta emoção que, sem a cabeça fria, nos momentos chaves acaba sempre alguma coisa por falhar. As emoções tapam essa parte. Consegui chorar o que tinha de chorar antes de entrar em campo e antes de cantar o hino. Essa frieza tivemos bem consciência disso e não deixámos que as emoções nos carregassem. Levo muitas coisas boas de aqui. Uma estreia num Campeonato do Mundo é para recordar para sempre.

RFI: Os adeptos portugueses abafaram, em alguns momentos, os cânticos galeses, conseguiu sentir esse apoio?

Nuno Sousa Guedes: Até me arrepiei novamente! Honestamente nunca vivemos um momento assim. Já jogámos em estádios grandes e eu também já joguei com os ‘Sevens’ (ndr: Râguebi a 7), mas nunca tinha visto, ouvido isto. Jogar no râguebi de 15, perante tanta gente, a família também, amigos ou ainda gente que não conhecemos, foi muito bom. Percebemos que conseguimos mover muita gente, mas também temos de nos adaptar porque estar num estádio destes, com este ambiente, não nos deixa comunicar como faríamos em outros momentos. Não nos ouvimos com o barulho e nós temos também que comunicar entre nós dentro das quatro linhas e isso torna-se mais complicado. Mas eu só vou tirar coisas boas do primeiro jogo e foi muito bom ver este apoio todo.

RFI: Com que sensação ficou depois da derrota frente aos galeses?

Nuno Sousa Guedes: Honestamente é um misto de ‘feelings’ (ndr: sentimentos). Partimos de uma realidade, porque temos os pés assentes no chão, que é o nosso valor, e também do que vale o País de Gales. E nunca esquecemos que eles terminaram no quarto lugar no último Mundial em 2019. E é uma equipa que anda neste sistema há muito tempo. Mas é bom também percebermos que olhámos para eles, olhos nos olhos. Não houve uma discrepância tão grande no resultado. Houve talvez momentos em que poderíamos ter atacado de maneira diferente e o resultado teria tido uma diferença mais pequena. Mas honestamente saímos com algo positivo de aqui. Agora será melhor de certeza absoluta.

RFI: Foi uma entrada de rompante no jogo em que encostaram o País de Gales às cordas?

Nuno Sousa Guedes: Nesses momentos, com a experiência que os galeses têm, eles conseguiram ganhar nesses pequenos detalhes. Em momentos chaves, a bola acabou por cair para o lado deles: Um chuto aos postes que falhámos, uma quebra de linhas que acabou por não dar ensaio, e eles aproveitaram isso tudo. No final da primeira parte são eles que marcaram. Em vez de irmos para o intervalo a perder com um possível 7-6 para o País de Gales, fomos com um atraso de 14-3. Assim já é completamente diferente. São nesses momentos que temos de crescer enquanto equipa. Temos de perceber que são super importantes esses momentos e que nos podem dar vitórias.  

RFI: Há um certo orgulho em relação ao jogo frente aos galeses? Em 2007, a outra geração de ‘Lobos’ tinha sido derrotada por 56-10 na estreia frente à Escócia.

Nuno Sousa Guedes: Tudo o que fizemos nos últimos três meses foi posto aqui. Percebemos que fisicamente não estamos assim tão longe. Também fomos muito melhores a defender do que a atacar, o que não tem sido comum na nossa equipa. Normalmente é o contrário. Mas nesse aspecto defensivo fomos bons frente ao País de Gales e há coisas a manter para os próximos jogos. Temos agora é de olhar para o ataque que não foi assim tão positivo.

RFI: Como surgiu a paixão pelo râguebi?

Nuno Sousa Guedes: Eu vou dar o meu exemplo, passando aqui a imagem da minha família. Eu tenho tios que jogaram râguebi e sempre traziam boas coisas, boas memórias desta modalidade para os jantares de família. Mas honestamente eu apaixonei-me com o Mundial de 2007, foi esse ‘boum’ que me fez ir para o râguebi. Falamos de uma forma mais geral, falando também para as crianças, acho que as pessoas se agarram muito à amizade e às pessoas com quem eles vivem o dia a dia. Infelizmente o dinheiro não move. Espero que as pessoas possam encarar o râguebi de uma outra forma e atacar o râguebi com outros objectivos, como por exemplo: viver do râguebi. Podemos sonhar um dia. Acredito que neste momento os praticantes jogam râguebi pela amizade, por aquilo que os clubes entregam. O râguebi traz muitas coisas boas para a vida quotidiana: a disciplina, a educação, e os bons valores estão sempre implícitos. Acho que é isso que traz muitas pessoas, e vai continuar a trazer, para o râguebi.

 

04:40

Nuno Sousa Guedes, internacional português 18-09-2023

 

A Selecção Portuguesa de Râguebi participa pela segunda vez no Mundial da modalidade.
A Selecção Portuguesa de Râguebi participa pela segunda vez no Mundial da modalidade. © AFP - NICOLAS TUCAT

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.