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Afeganistão

Afeganistão: Taliban assinalam dois anos de poder

O Governo taliban assinala esta terça-feira, 15 de Agosto, o segundo aniversário da chegada ao poder no Afeganistão. Dois anos depois, o país está mergulhado numa crise económica sem precedentes e as mulheres continuam privadas dos seus direitos, nomeadamente o acesso à educação e ao emprego.

O Governo taliban assinala esta terça-feira, 15 de Agosto, o segundo aniversário da chegada ao poder no Afeganistão.
O Governo taliban assinala esta terça-feira, 15 de Agosto, o segundo aniversário da chegada ao poder no Afeganistão. AP - Rahmat Gul
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A 15 de Agosto de 2021, os Taliban voltavam ao poder no Afeganistão, vinte anos depois de terem sido expulso pelos Estados Unidos e os sues aliados. Apresentando-se como um regime moderado, fizeram promessas de que iriam garantir a liberdade das mulheres, com o objetivo de trazer paz e prosperidade aos país.

Dois anos depois, as promessas parecem muito distantes. De acordo com a especialista da Human Rights Watch para o Afeganistão, Fareshba Abbassi, o país enfrenta uma das mais graves crises humanitárias do mundo, com “mais de 28 milhões de pessoas a precisar de ajuda de emergência, dois terços da população".

Fareshba Abbassi alerta ainda para a deterioração dos direitos humanos, nomeadamente os das mulheres que estão privadas de aceder à educação, emprego, liberdade de movimento e reunião.

“É impossível para elas terem uma vida normal”, lamenta.

“Vendaval de restrições draconianas”

A Amnistia Internacional acusou os Taliban de terem transformado a esperança de emancipação da mulher no Afeganistão num “vendaval de restrições draconianas” desde que regressaram ao poder.

“Inicialmente, foi imposta uma segregação rigorosa entre homens e mulheres, mas, no final de 2022, um decreto do Ministério da Educação afegão expulsou completamente as mulheres dos espaços de aprendizagem”, denunciou.

As mulheres afegãs estão proibidas de frequentar salões de beleza, de sair de casa sem um familiar próximo do sexo masculino, depraticar desporto, de usar transportes públicoscom homens e deescolher um marido.

Em Junho, peritos da ONU admitiram que a discriminação das mulheres no Afeganistão pode ser considerada um crime contra a humanidade por ter por base um “apartheid” de género, criando uma segregação semelhante à da raça.

"Existem diferenças entre os Taliban no que diz respeito aos direitos das mulheres"

O investigador do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas e especialista no Afeganistão, Karim Pakzad, em entrevista ao canal France 24, reconhece que existem diferenças entre os Taliban no que diz respeito às liberdades e direitos das mulheres.

Dois campos surgem com, de um lado, o líder supremo do movimento islâmico, o emir Haibatullah Akhundzada – que representa, de certa forma, os talibãs históricos, ideólogos extremistas a favor de uma aplicação estrita da Sharia. De outro, os ministros do Interior, Sirajuddin Haqqani e da Defesa, que têm uma visão mais política das coisas. Eles procuram uma forma duradoura de governar e querem melhorar o diálogo com os países estrangeiros, e sabem que isso envolve nomeadamente a questão dos direitos das mulheres”.

Taliban declaram guerra à venda de ópio

Todavia, o investigador admite que do ponto de vista económico o balanço dos Taliban não é completamente negativo.

“Entraram numa espécie de economia de subsistência, suspendendo muitos projectos que até então dependiam de financiamento estrangeiro. Mas, ao mesmo tempo, puderam contar com o apoio do Irão ou do Uzbequistão. Sem falar na ajuda humanitária que continua a chegar, ajudando indirectamente no nas necessidades económicas do país”, explica.

Desde que chegaram ao poder, os Taliban declaram guerra à venda de ópio, destruíndo 80% dos campos de papoila.

Relativamente às promessas de segurança, Karim Pakzad considera que a luta contra a organização do Estado Islâmico continua a ser o grabde desafio dos Taliban.

"Orgulham-se de terem posto fim à guerra com os Estados Unidos, mas isso não significa que a violência acabou no país. O principal desafio continua a ser a  luta contra a organização do Estado Islâmico", concluiu.

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