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Afeganistão

Situação no Afeganistão no centro de uma reunião da ONU em Doha

Hoje e amanhã, o secretário-geral da ONU, António Guterres preside em Doha, capital do Qatar, uma reunião em que participam 25 países e organizações para analisar a estratégia a adoptar perante o governo Talibã que ainda na semana passada foi alvo de uma resolução das Nações Unidas condenando a sua actuação contra os direitos das mulheres no Afeganistão.

Manifestação de mulheres em Cabul neste sábado 29 de Abril de 2023.
Manifestação de mulheres em Cabul neste sábado 29 de Abril de 2023. © Redes sociais
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Durante dois dias e na ausência dos Talibã que não foram convidados para este encontro, a comunidade internacional debruça-se sobre a atitude a ser adoptada perante os islamistas radicais que desde o seu regresso ao poder no Afeganistão, em Agosto de 2021, têm atacado de forma sistemática os direitos das mulheres.

As afegãs foram sucessivamente proibidas de frequentar universidades e escolas, até serem proibidas de trabalhar, inclusivamente para a ONU, em virtude de uma nova medida adoptada recentemente pelos Talibã.

Apesar do concerto de condenações a nível internacional e da adopção na passada quinta-feira de uma resolução por unanimidade dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU condenando a política dos Talibã contra as mulheres, estes últimos argumentam que se trata de um "assunto social interno".

Neste contexto, antes mesmo da reunião de Doha, as mulheres afegãs desceram à rua no sábado em Cabul para marcar a sua oposição a um qualquer reconhecimento internacional do governo Talibã. Uma tomada de posição que surge depois de a Secretária-geral adjunta da ONU, Amina Mohammed, ter afirmado que a reunião de Doha poderia marcar "pequenos passos" para um "eventual reconhecimento de princípio" do governo Talibã, "sob condições".

Palavras que aparentemente foram mal interpretadas segundo a ONU que, à semelhança dos Estados Unidos, garantiu que não está na ordem do dia uma normalização das relações com os Talibã. Uma hipótese que significaria nomeadamente a possibilidade para Cabul de recuperar milhares de Dólares que se encontram bloqueados no exterior, no âmbito de sanções internacionais contra os Talibã.

No mesmo sentido, diplomatas de vários países que participam nas conversações de Doha afirmaram que o reconhecimento não é uma opção enquanto Cabul não aceitar rever a sua política relativa aos direitos das mulheres.

Para além da situação das mulheres, os participantes do encontro de Doha que começa no final deste dia devem analisar a questão do terrorismo, do tráfico de droga, a governação inclusiva e também e sobretudo a continuação ou não das operações da ONU no Afeganistão.

Este país de 38 milhões de habitantes vive actualmente uma das piores crises humanitárias do mundo, mas segundo as Nações Unidas, a proibição de as mulheres trabalharem nomeadamente para os seus serviços cria dificuldades concretas para as suas operações no terreno.

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