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Turquia / Golfo

Erdogan enceta digressão pelo Golfo e espera obter até 50 mil milhões de dólares

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, enceta esta segunda-feira uma digressão de três dias na região do Golfo. Este périplo levará o recém-eleito líder à Arábia Saudita, Qatar e Emirados Árabes Unidos. Trata-se de uma tentativa de Ancara de reviver as relações com os Estados árabes após vários anos de tensão, por forma a obter investimentos que relancem a já fragilizada economia turca.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, começa esta segunda-feira uma digressão pela região do Golfo. Esta viagem de três dias deverá ser dominada pela vertente económica.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, começa esta segunda-feira uma digressão pela região do Golfo. Esta viagem de três dias deverá ser dominada pela vertente económica. © YVES HERMAN / REUTERS
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Esta digressão faz parte dos múltiplos esforços empreendidos pelo recém-eleito líder turco, Recep Tayyip Erdoğan, para captar investimentos. Depois das negociações à margem da Cimeira da NATO na Lituânia, cujo um dos grandes vencedores foi a Turquia, Ancara procura agora voltar-se para o Golfo. Não se trata somente de uma viagem dominada pela vertente económica, mas também uma forma de agradecer aos “vizinhos do Golfo”, havia afirmado o mandatário a 26 de Maio, dois dias antes da sua reeleição.

Desde 2021, ano em que Ancara lançou um esforço diplomático para restabelecer os laços com a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, os investimentos do Golfo ajudaram a aliviar a pressão sobre a economia e a reserva de divisas da Turquia, nomeadamente através de empréstimos e de acordos de swap, ou seja, de trocas de divisas entre bancos centrais. O iminente colapso da lira turca ameaçava impedir a reeleição de Erdoğan, forçando-o a delapidar as suas reservas.

"Esta visita tem dois temas principais: investimentos e uma dimensão financeira. Temos grandes esperanças em ambos", disse Erdoğan numa conferência de imprensa no aeroporto de Istambul, antes de partir.

Com ele também estará presente uma comitiva composta por cerca de 200 empresários e diversos ministros, que esperam obter das monarquias do Golfo, investimentos no valor de 50 mil milhões de dólares. Estas esperanças foram confirmadas por altos funcionários turcos, que disseram à agência de notícias Reuters que esperam atrair “investimentos directos de cerca de 10 mil milhões de dólares dos Estados do Golfo logo após a viagem de Erdogan, e depois entre 25 e 30 mil milhões de dólares no total a longo prazo”.

Para além das negociações com os dirigentes dos três Estados, Erdogan também participará de fóruns empresariais que o Conselho de Relações Económicas Internacionais da Turquia organizou nos respectivos países. O chefe do Conselho, Nail Olpak, disse aos jornalistas antes da viagem que, na sequência dos resultados das reuniões, está prevista a celebração de contratos nos sectores da construção, saúde, energia, transportes, agricultura e turismo.

Paralelamente, também serão discutidos tópicos de interesse para todas as partes, em especial no sector da defesa, que vem conseguindo nos últimos dias canalizar investimentos. Estes temas foram discutidos especificamente pelo ministro das Finanças, Mehmet Simsek e pelo vice-presidente Cevdet Yilmaz, recém-nomeados para os respectivos cargos.

Segundo refere a agência de notícias TASS, “o portal de notícias do complexo militar e industrial Savunma Sanayi refere que o Qatar está a comprar à Turquia drones, munições guiadas, plataformas terrestres blindadas, navios de guerra e lanchas rápidas. As partes estão a negociar a venda de corvetas turcas da classe Milgem ao emirado. O Qatar está também interessado no promissor projecto turco do tanque de guerra Altay".

No mês passado, Yilmaz e Simsek deslocaram-se aos Emirados Árabes Unidos para discutir "oportunidades de cooperação económica" com os seus homólogos e encontraram-se com o presidente Sheikh Mohammed bin Zayed al-Nahyan. Erdogan nomeou Yilmaz e Simsek após as eleições de Maio, em parte para demonstrar o ímpeto reformista, após anos de uma política económica que fez disparar a inflação e as reservas externas líquidas para um mínimo histórico em Maio, mergulhando o país numa profunda crise económica e financeira, afectado ainda mais a já fragilizada economia turca.

Posteriormente, o Presidente Erdoğan visitará a República Turca do Chipre do Norte (RTCN) por ocasião do dia da Paz e da Liberdade, celebrado no mesmo dia.

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