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Alterações Climáticas

Secretário-Geral da ONU António Guterres alerta para inferno climático

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse nesta sexta-feira que as alterações climáticas estão fora de controlo. Esta declaração ocorre no contexto dos recordes de calor registados. Estima-se que a semana passada, de 3 a 9 de Julho, foi a mais quente dede que há registo. Este fenómeno alarma as autoridades, por se tratar de um fenómeno que afecta principalmente os países mais vulneráveis.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse nesta sexta-feira que as alterações climáticas estão fora de controlo.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse nesta sexta-feira que as alterações climáticas estão fora de controlo. AP - Geert Vanden Wijngaert
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A humanidade tem uma escolha: cooperar perecer” foram as palavras escolhidas pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, no discurso de abertura da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP 27), realizada em 2022 em Sharm El Sheikh, no Egipto.

O plano do mandatário de estabelecer um “Pacto Global de Solidariedade Climática”, nomeadamente através de conferências internacionais que foram realizadas nos meses seguintes, logrou pouco ou quase nenhum resultado em matéria de pactos vinculativos.

Recentemente as Nações Unidas voltaram a emitir um alerta relativamente às alterações climáticas, estimando que estas estão fora de controlo. Se o mês de Junho bateu recordes de calor, o planeta Terra conheceu oficialmente a semana mais quente desde que há registo.

De 3 a 9 de Julho, o mundo conheceu a semana mais quente desde que há registo, segundo os dados preliminares [de agências internacionais de meteorologia]”, indicou na segunda-feira a Organização Mundial de Meteorologia (OMM), num comunicado.

Estes dados são corroborados pelo Copernicus, o Programa de Observação da Terra da União Europeia, encarregado de analisar o ambiente, em cooperação com a Agência Espacial Europeia (ESA) e outras agências continentais sobre a meteorologia.

Para o Observatório Europeu Copernicus, o dia mais quente foi medido na quinta-feira passada, dia 6 de Julho, que atingiu uma temperatura média de 17,08°C, ultrapassando a quarta e sexta-feira. Esta série de temperaturas, inédita nos dados do Copernicus desde 1930, começou a 3 de Julho com uma estimativa de 16,88°C, batendo o anterior recorde de 16,80°C estabelecido em Agosto de 2016, em pleno fenómeno de El Niño intenso.

“A situação actual é a prova que as alterações climáticas estão fora de controlo”, deplorou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

O calor excepcional em Junho e no início de Julho ocorreu no início do desenvolvimento do El Niño, que deve alimentar ainda mais o calor tanto na terra quanto nos oceanos e levar a temperaturas mais extremas e ondas de calor marinhas”, disse Prof. Christopher Hewitt, Diretor de Serviços Climáticos da OMM. “Estamos em território desconhecido e podemos esperar que mais recordes caiam à medida que o El Niño se desenvolve e esses impactos se estenderão até 2024”, disse ele. “Esta é uma notícia preocupante para o planeta”, acrescentou.

De acordo com a definição estabelecida pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM) publicada no relatório deste mês, o fenómeno do “El Niño ocorre, em média, a cada dois a sete anos (cíclico), e os episódios duram normalmente nove a 12 meses. Trata-se de um padrão climático natural associado ao aquecimento das temperaturas da superfície do oceano no Oceano Pacífico tropical central e oriental. Mas ocorre no contexto de um clima alterado pelas actividades humanas”.

O documento sublinha ainda que “antecipando o evento El Niño, um relatório da OMM publicado em Maio previu que existe uma probabilidade de 98% de que pelo menos um dos próximos cinco anos, e o período de cinco anos no seu conjunto, seja o mais quente de que há registo, batendo o recorde estabelecido em 2016, quando se registou um El Niño excepcionalmente forte.

Esta nova fase está apenas no começo, após três anos do fenómeno inverso, conhecido como “La Niña” – caracterizado por temperaturas “anormalmente frias” no fim do ano, na região equatorial do Oceano Pacífico – deve continuar durante o ano inteiro a uma “intensidade moderada” segundo a OMM.

Um fenómeno com efeitos devastadores

Este fenómeno impacta principalmente regiões vulneráveis a altas temperaturas. Este é o caso do Canadá onde os incêndios florestais estão a atingir novos patamares, com as autoridades locais a reportarem cerca de 380 incêndios na sexta-feira. O estado do Texas, nos Estados Unidos, também está a vivenciar um período excepcional, com especialistas a considerarem que a região vive "sob um domo de calor". Em Portugal e Espanha, países fortemente afectados por períodos de seca recorrentes, também deverão registar ondas de calor sem precedentes. 

No Sul do Iraque, entre os rios Tigre e Eufrates, as populações deploram a pior vaga de calor dos últimos 40 anos. Enquanto no Uruguai, outro país severamente impactado pelas alterações climáticas, vive a pior seca dos últimos 74 anos, que ameaçam transformar as principais cidades em desertos.

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