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Grécia

Grécia: Mitsotakis vence eleições legislativas com maioria absoluta

Na Grécia o partido de centro-direita, Nova Democracia, do primeiro-ministro cessante Kyriakos Mitsotakis, venceu as eleições legislativas neste domingo. Conquistando cerca de 40,5% dos votos, Mitsotakis conseguiu consolidar a maioria absoluta no Parlamento Helénico. O líder prometeu acelerar as reformas após validar o segundo mandato de quatro anos.

Na Grécia o partido de centro-direita, Nova Democracia, do primeiro-ministro cessante Kyriakos Mitsotakis, venceu as eleições legislativas neste domingo.
Na Grécia o partido de centro-direita, Nova Democracia, do primeiro-ministro cessante Kyriakos Mitsotakis, venceu as eleições legislativas neste domingo. REUTERS - STOYAN NENOV
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"Com os resultados eleitorais de hoje, a Grécia abre um novo capítulo histórico no seu percurso", declarou Mitsotakis numa declaração transmitida pela televisão. Os eleitores "deram-nos um mandato forte para avançarmos mais rapidamente na direcção das grandes mudanças de que o nosso país precisa. De uma forma clara e madura, fecharam definitivamente um ciclo traumático de mentiras e toxicidade que atrasou o país e dividiu a sociedade".

De acordo com as projecções do Ministério da Administração Interna da Grécia, o partido Nova Democracia terá 158 deputados em um Parlamento com 300 lugares, ao conquistar cerca de 40,5% dos votos. Com este resultado, Mitsotakis será reconduzido no cargo para um segundo mandato de quatro anos, garantida por um novo sistema de bónus aprovado em 2020.

Esse sistema atribui entre 20 e 50 lugares adicionais no Parlamento ao partido vencedor, sendo 20 lugares adicionais obtidos com 25% dos votos e 50 lugares quando a meta de 40% é alcançada.

Essas eleições de domingo são as segundas na Grécia em pouco mais de um mês e foram convocadas porque nenhum partido obteve maioria absoluta em Maio, apesar de o partido Nova Democracia ter sido o mais votado, com 40,79% dos votos (e 146 deputados), faltando cinco assentos para a maioria.

Na época, a lei eleitoral grega em vigor desde 2016 não concedia nenhum bónus ao partido vencedor. Confiante nas projecções das sondagens e no retorno do sistema de bónus nas eleições seguintes às realizadas em maio, Mitsotakis rejeitou qualquer acordo de coabitação por não confiar nos demais partidos à direita, o que o levou a convocar novas eleições.

Para este pleito a questão da economia concentrou a preocupação dos gregos. Estima-se que Mitsotakis tenha conseguido conduzir os destinos da Grécia de maneira efectiva após diversas décadas de instabilidade económica. Apesar da crise energética e das consequentes pressões inflacionistas ao longo do ano, a economia grega registou um crescimento de 5,9% em 2022, um factor que garantiu um grau de confiança elevada por parte da população.

Durante a sua campanha, Mitsotakis prometeu repetidamente mudar os sistemas de saúde e de justiça, que estão entre os mais lentos da Europa. Esta empreitada será facilitada pela consolidação da maioria absoluta, mas deverá enfrentar alguns dos lóbis mais poderosos do país.

Este resultado também confirmou a tendência de queda do principal partido de oposição, o Syriza. Liderado por Alexis Tsipras, que foi primeiro-ministro entre 2015 e 2019. Conquistando apenas 17,8% dos votos, o partido terminou ainda mais baixo do que os resultados das eleições do mês passado.

Incapaz de reunir a sua antiga base eleitoral, fragmentada em diversos partidos, principalmente compostas pelos dissidentes do Syriza, o partido enfrenta agora a dura tarefa de recuperar os seus eleitores e superar a contestação acerca da liderança de Tsipras.

Os socialistas do Pasok também registam perdas significativas de lugares. Conquistando 11,8% dos votos, mas perdendo nove assentos, o partido continua empenhado em reduzir a distância em relação ao Syriza na disputa pelo título de principal partido da oposição.

O Partido Comunista da Grécia obteve 7,-9% dos votos, enquanto o partido MeRA25, liderado pelo ex-ministro das Finanças Yanis Varoufakis, não obteve nenhuma cadeira no parlamento.

O recém-criado partido etno-nacionalista "Espartanos" - apoiado pelo antigo membro da Aurora Dourada Ilias Kasidiaris, - deverá entrar pela primeira vez no Parlamento grego com cerca de 4,6%. Kasidiaris chegou a ser sentenciado a 13 anos de prisão em 2020 quando o partido Aurora Dourada, de inspiração neonazi, foi banido e considerado uma organização criminosa pela justiça grega.

Seguem-se os partidos de direita “Solução Grega” com 4,4% e o partido teocrático ortodoxo grego “Niki”, apoiado por muitas das comunidades monásticas da Grécia, que ultrapassou o limiar eleitoral pela primeira vez ao conquistar 3,69%.

Mitsotakis consolida tradição política da família

No poder desde 2019, Kyriakos Mitsotakis vem de uma família política há muito estabelecida na Grécia. O antigo consultor financeiro de 55 anos, que trabalhou para a McKinsey, entre outras empresas, é também o herdeiro de uma verdadeira dinastia política na Grécia. O seu pai foi Primeiro-Ministro no início dos anos 90, a sua irmã foi Ministra dos Negócios Estrangeiros e o seu sobrinho é o atual Presidente da Câmara de Atenas. Eleito deputado pela primeira vez em 2004, tornou-se líder do seu partido, a Nova Democracia, em 2016, numa altura em que a Grécia estava a atravessar um período de austeridade.

Nomeado primeiro-ministro três anos mais tarde, orgulha-se de ter relançado a economia grega, graças, nomeadamente, ao desenvolvimento do turismo. Mas o seu primeiro mandato foi marcado por uma série de escândalos, incluindo as escutas ilegais de políticos e jornalistas. A oposição também apontou o dedo à degradação dos serviços públicos e das infra-estruturas do país e recentemente a inação durante o naufrágio de uma embarcação de migrantes.

No entanto, a oposição não conseguiu afectar as suas credenciais políticas, nem nas urnas, nem nas sondagens.

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