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Brasil/Rússia

Serguei Lavrov no Brasil com em pano de fundo polémica com Lula da Silva

O ministro dos negócios estrangeiros russo, Serguei Lavrov, cumpre actualmente um périplo pela América Latina com etapas na Venezuela, Nicarágua e Cuba. Ele foi, entretanto, recebido esta segunda-feira em Brasília por Mauro Vieira, o seu homólogo brasileiro.

Serguei Lavrov (esquerda), ministro dos Negócios Estrangeiros, e o seu homólogo brasileiro, Mauro Vieira (direita), estiveram reunidos em Brasília.
Serguei Lavrov (esquerda), ministro dos Negócios Estrangeiros, e o seu homólogo brasileiro, Mauro Vieira (direita), estiveram reunidos em Brasília. © AFP - EVARISTO SA
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O Ministro dos negócios estrangeiros, Mauro Vieira, recebeu o homólogo russo, Serguei Lavrov, naquela que é a primeira visita oficial ao Brasil desde 2019.

Segundo o comunicado do Ministério brasileiro, os Ministros conversaram sobre o potencial da parceria estratégica entre os dois países, estabelecida há mais de 20 anos, e a cooperação no âmbito dos BRICS - grupo de grandes países emergentes que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, das Nações Unidas e do G20, isto para além de trataram, ainda, da situação actual na Ucrânia e das perspectivas para a construção da paz.

Sobre este assunto, o Ministro brasileiro dos negócios estrangeiros, Mauro Vieira, reiterou a necessidade de uma solução negociada para a guerra na Ucrânia e apelou a um cessar-fogo, numa altura em que chovem críticas sobre a postura do presidente Lula, tida como pró Rússia.

Abordámos os últimos desenvolvimentos do conflito em curso na Ucrânia. Renovei a disposição brasileira em contribuir para uma solução pacífica para o conflito, recordando as manifestações do presidente Lula, no sentido de buscar, facilitar a formação de um grupo de países amigos para mediar as negociações entre Rússia e Ucrânia. Reiterei a nossa posição em favor de um cessar-fogo imediato, de respeito do direito humanitário, de uma solução negociada com vista uma paz duradoura que contemple as preocupações securitárias de ambos os lados. Também reiterei a posição brasileira quanto à aplicação de sanções unilaterais, tais medidas, além de não contarem com a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, têm impactos negativos sobre as economias de todo o mundo, em especial em países em desenvolvimento. Muitos ainda não se recuperaram plenamente da pandemia”, concluiu.

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Mauro Vieira, ministro dos negócios estrangeiros brasileiro 18-04-2023

De referir ainda que o Ministério dos Negócios Estrangeiros lembrou que, em 2022, a Rússia continua a ser o principal fornecedor de fertilizantes para o Brasil.

 

Serguei Lavrov, ministro dos negócios estrangeiros russo.
Serguei Lavrov, ministro dos negócios estrangeiros russo. © AP - Eraldo Peres

 

Polémica em torno de Lula da Silva

A perspectiva da visita de Estado do Presidente brasileiro Lula da Silva a Portugal a partir do dia 21 até ao 25 de Abril, data em que participa nas cerimónias oficiais do 49° aniversário da revolução de 1974, está a gerar alguma febrilidade política no país. Em causa está um pronunciamento de Lula da Silva durante a sua recente visita à China, em que considerou que "os Estados Unidos devem parar de encorajar a guerra" e que "a União Europeia deve começar a falar de paz".

A Associação dos Ucranianos em Portugal, indignada, anunciou que está a preparar uma carta que tenciona entregar ao Presidente do Brasil durante a sua visita a Portugal.

"A comunidade ucraniana está a preparar uma carta que vai entregar, quando Lula visitar Portugal no 25 de Abril e também estamos a pensar em fazer uma manifestação, cujo local ainda não determinámos, para demonstrarmos a nossa posição. Não concordámos com o que Lula disse", declarou o líder da Associação dos Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha.

Na óptica deste dirigente associativo, a posição de Lula da Silva traduz um “apoio” aos regimes totalitários como a Rússia e a República Popular da China, o activista ucraniano referindo ainda esperar "que o Presidente Marcelo [ndr: Rebelo de Sousa] e o primeiro-ministro, António Costa, tentem mudar esta posição do Presidente Lula".

Por sua vez, reagindo aos diferentes posicionamentos que surgiram durante o fim-de-semana, o chefe da diplomacia portuguesa, João Gomes Cravinho, vincou que a posição de Portugal face à guerra na Ucrânia "não deixa nenhuma margem para ambiguidades" e que as declarações do Presidente do Brasil sobre o conflito não embaraçam Portugal.

Refira-se que a visita de Lula da Silva a Portugal foi anunciada em Dezembro pelo seu homólogo português. A seguir a Portugal, Lula da Silva desloca-se ainda à vizinha Espanha onde permanece entre os dias 25 e 26 de Abril.

Lula da Silva, Presidente do Brasil.
Lula da Silva, Presidente do Brasil. © REUTERS / POOL

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