China apela ao diálogo e rejeita recurso à arma nuclear na Ucrânia
Por ocasião hoje do primeiro aniversário da invasão russa da Ucrânia, o Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros publicou na sua página internet uma proposta em 12 pontos para alcançar a paz na Ucrânia. Este país que sempre se apresentou como sendo neutro e nunca condenou cabalmente a ofensiva de Moscovo, apela neste documento para que se seja respeitada a integridade territorial de ambos os países e opõe-se formalmente à utilização de armas nucleares e químicas no terreno de guerra.
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"Todas as partes devem apoiar a Rússia e a Ucrânia para trabalhar na mesma direcção e retomar o diálogo directo o mais rapidamente possível" com vista a alcançar "uma solução pacífica", estimou o Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros nesta proposta em que, para além de preconizar que se privilegie a diplomacia, também se opõe ao uso de armas nucleares e químicas no conflito.
Neste documento, Pequim exorta igualmente os dois países a "conformar-se estritamente ao direito humanitário internacional, evitar atacar os civis ou edifícios civis", sendo que por outro lado também condena as sanções unilaterais e as pressões que -a seu ver- "apenas podem criar novos problemas".
Reagindo ontem a esta proposta que -recorde-se- foi apresentada pelo chefe da diplomacia chinesa em Moscovo na passada quarta-feira, o Presidente ucraniano disse que a desconhecia mas que considerava que era "um bom sinal" e que era favorável a um encontro entre representantes do seu país e da China.
O embaixador da União Europeia na China, Jorge Toledo, disse por sua vez que "se este documento é um sinal positivo para a Ucrânia, então será um sinal positivo para União Europeia" e que "estava a ser estudado com atenção".
Jens Stoltenberg, chefe da NATO, quanto a si, considerou que "a China não tem muita credibilidade" no respeitante à Ucrânia porque "não foi capaz de condenar a invasão ilegal da Ucrânia" e porque "também assinou alguns dias antes da invasão um acordo sobre uma parceria ilimitada com a Rússia".
Também céptico, o conselheiro sobre segurança nacional junto da Casa Branca, Jake Sullivan, disse que o documento chinês "poderia ter acabado no primeiro ponto, o respeito da soberania de todas as nações".
Nestes últimos dias, o secretário de Estado americano Antony Blinken disse recear que a China estivesse a preparar-se para fornecer armas à Rússia, o que desmente a China.
Só que ainda hoje o semanário alemão 'Der Spiegel' afirmou que a China encara a possibilidade produzir drones 'kamikazes' para o exército russo. De acordo com este jornal que não cita fontes, a empresa chinesa Xi'an Bingo Intelligent Aviation Technology estaria disposta num primeiro tempo, a fabricar 100 drones para os entregar até Abril, sendo que num segundo tempo, haveria transferência de componentes e de conhecimentos, de forma que a Rússia possa vir a produzir esses drones localmente.
Sem desmentir taxativamente estas acusações, a China denunciou uma "manobra bem conhecida" e estimou que "os Estados Unidos é que são a principal fonte de armamento no campo de batalha da Ucrânia".
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