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Greve

Reforma das pensões: mobilização sem precedentes

Os principais sindicatos franceses juntam-se esta quinta-feira, 19 de Janeiro, numa greve geral contra a reforma do sistema de pensões que pretende aumentar a idade de reforma no país de 62 para 64 anos. A polícia conta 806.000 manifestantes em França, o sindicato CGT aponta 1,5 milhão.

Líderes sindicais no início da manifestação em Paris. O presidente da CFE-CGC, François Hommeril, secretário-geral da Confederação Democrática do Trabalho (CFDT), Laurent Berger, líder da CGT, Philippe Martinez, delegados-gerais da união sindical da solidariedade francesa, Murielle Guilbert e Simon Duteil, 19 de Janeiro de 2023.
Líderes sindicais no início da manifestação em Paris. O presidente da CFE-CGC, François Hommeril, secretário-geral da Confederação Democrática do Trabalho (CFDT), Laurent Berger, líder da CGT, Philippe Martinez, delegados-gerais da união sindical da solidariedade francesa, Murielle Guilbert e Simon Duteil, 19 de Janeiro de 2023. © Benoit Tessier/Reuters
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A mobilização contra a reforma das pensões “está a ter uma participação que vai além do que tínhamos previsto”, declarou o secretário-geral da CFDT, primeira organização sindical francesa, Laurent Berger. Segundo o secretário-geral do sindicato francês CGT, Philippe Martinez , “vai ser ultrapassado o milhão de manifestantes”.

A marcha parisiense partiu às 14 horas da Praça da República. Pelas 13h50, a polícia tinha feito 2.300 controlos de manifestantes e 15 detenções, principalmente por “porte de arma proibida”, declararam as autoridades.

Os primeiros números avançados pelas autoridades francesas enumeram as mobilização: pelo menos 30.000 pessoas marcham em Toulouse, 6.500 em Mulhouse, 6.000 em Tarbes, 4.000 em Nice e Belfort. Números que lembra os de 5 de Dezembro de 2019: no início do protesto contra o projecto anterior de reforma das pensões. A polícia conta 806.000 manifestantes em França, o sindicato CGT aponta 1,5 milhão.

Em Marselha, no meio de uma multidão, o líder do partido A França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, considerou que "o governo perdeu a sua primeira batalha, a de convencer as pessoas de que a sua reforma é necessária".

Greve em França
Manifestação para exigir aumentos salariais e travar a reforma das pensões, em Paris, 29 de Setembro de 2022.
Manifestação para exigir aumentos salariais e travar a reforma das pensões, em Paris, 29 de Setembro de 2022. AFP - STEPHANE DE SAKUTIN

“Hoje vai ser um grande dia de mobilização”, previa, esta manhã, o responsável da Confederação Geral do Trabalho (CGT), Philippe Martinez. O sindicato anuncia cortes na produção de electricidade e greves nas refinarias da TotalEnergie.

Manifestações, escolas fechadas e supressão de transportes: a França prepara-se a viver um dia agitado. Unidos pela primeira vez em doze anos, os sindicatos organizaram protestos em 215 cidades, segundo a CGT, esperando uma mobilização “massiva” superior a “um milhão” de manifestantes. Uma chifra que daria impulso a um movimento social chamado a manter-se durante várias semanas.

A quinta-feira promete ser complicada para os franceses que precisam de transporte ou que têm filhos na escola. Será uma quinta-feira de grandes perturbações nos transportes”, afirmou o ministro dos Transportes Clément Beaune, apelando aos franceses que adiem as suas viagens ou que façam teletrabalho quando puderem. Nos transportes, prevê-se a circulação apenas de um TGV e de nenhum Intercidades. É possível também que um em cada cinco voos seja cancelado no aeroporto de Orly, nos arredores da capital. 

O sector de energia também se junta aos protestos, os funcionários das empresas energéticas EDF e Engie direccionaram cortes de energia contra os gabinetes dos deputados, que apoiam a reforma. A greve também pode vir a ter um impacto no reinício de certos reactores nucleares.

Nas escolas de todo o país, estima-se que pelo menos 70% dos professores façam greve e os próprios alunos apelaram à greve, tendo a intenção de barricar vários liceus. Também os hospitais vão estar parados, especialmente os serviços das urgências, sobrecarregados nos últimos meses.

O governo defende a sua reforma. O Presidente francês, Emmanuel Macron, vai testar a capacidade de levar a cabo a sua política esta quinta-feira, com um dia de greve contra o seu projecto de aumentar a idade legal de reforma de 62 para 64 anos, reforma que vai provocar transtornos no país. A primeira-ministra Elisabeth Borne vangloriou-se perante a Assembleia Nacional deste ser "um projecto de justiça", afirmando que "quatro em cada dez franceses, os mais frágeis, os mais modestos, os que têm empregos difíceis, poderão sair antes dos 64 anos ". Argumentos para tentar convencer a opinião pública.

Esse teste político para o executivo francês acontece num contexto económico e social tenso. Os franceses sofrem com os efeitos da inflação, de 5,2% em média em 2022, num país que foi abalado durante o primeiro mandato de Emmanuel Macron pelas manifestações dos "coletes amarelos" contra o aumento do custo de vida.

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