Gares parisienses tranquilas, mas regresso incerto para milhares de passageiros

Apenas três em cada cinco comboios de alta velocidade vão circular hoje e amanhã em França devido à greve dos controladores rodoviários, perturbando as festas de Natal de muitas famílias francesas. Esta manhã, na Gare Montparnasse, o clima era calmo, mas alguns passageiros ainda tinham receio em relação ao regresso.

Muitos franceses viram os seus comboios anulados devido à greve dos controladores dos caminhos de ferro. REUTERS - SARAH MEYSSONNIER

Entre 40 a 50% dos comboios previstos para o Natal não vão partir das estações francesas entre hoje e amanhã devido à greve dos controladores dos caminhos de ferro, deixando milhares de pessoas sem possibilidade de ir a casa no Natal. No entanto, esta manhã, na Gare de Montparnasse, em Paris, tudo estava calmo, embora ainda reinasse a incerteza.

"Tenho uma correspondência a Saint-Pierre-en-Port, e essa tenho a certeza, mas amanhã vou regressar e não tenho a certeza de ter comboio", indicou Bernardette, que olhava insessantemente os painéis onde apareciam os horários dos comboios.

Bernardette vai até ao Norte do país e sabe que tem pelo menos um comboio, mas sem certezas em relação ao regresso. Esta parisiense diz compreender a greve, tal como Marion que parte a Bordéus. Para esta jovem, é preciso chatear as autoridades e a empresa SNCF, responsável pelos caminhos de ferro em França, para obter os seus direitos.

"Medo de ficar sem comboio, tive, mas consegui passar entre os pingos da chuva. Eu compreendo esta greve porque é a única maneira para que os trabalhadores acedam aos seus direitos. Só ao chatearem muita gente e a chatearem a SNCF é que eles vão conseguir. Estou com eles, mesmo se também foi chato para mim. Sou solidáriam declarou a jovem Marion.

Já Alexandre vai até Baiona e teve medo de ficar sem comboio já que isso envolveria um trajeto de muitas horas de carro. Para este passageiro, não há razões para a greve já que os trabalhadores das linhas ferroviárias já têm muitos benefícios.

"Tive um bocado de medo porque comecei logo a pensar que tinha de ir de carro e são muitas horas. Esta greve põe muitos franceses em sarilhos, por algo que não vale muito a pena. Os trabalhadores querem mais direitos, mas não é justo em relação aos outros. Já têm um trabalho para vida, um bom salário e vão ter de ir para a reforma ao mesmo tempo que todos nós", disse o jovem originário de Baiona.

Para todos que não conseguiram viajar devido à greve, a SNCF está a oferecer um reembolso em dobro, com os sindicatos a retirarem o pré-aviso de greve para o Ano Novo.