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Reino Unido

Reino Unido enfrenta onda de greves contra a inflação

No dia seguinte ao natal, conhecida por Boxing Day, os britânicos correm para as lojas. Este ano, os comerciantes  temem pela ausência de clientes por causa da inflação e principalmente das greves desta segunda-feira, 26 de Dezembro.

Mercado Covent Garden em Londres. Reino Unido enfrenta onda de greves contra a inflação.
Mercado Covent Garden em Londres. Reino Unido enfrenta onda de greves contra a inflação. REUTERS - HENRY NICHOLLS
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Enfermeiros, paramédicos, policia... Não passa um dia sem que um sector profissional entre em greve. Assolado pela inflação, o país liderado por Rishi Sunak, está mergulhado numa profunda crise económica e social.

Nem um dia deste mês de Dezembro foi poupado às greves. Na quarta-feira passada foram os paramédicos, na quinta-feira os carteiros, este fim-de-semana as paralisações afectaram os seis maiores aeroportos do país – o exército substituiu a polícia de fronteira a curto prazo.

"A situação está caótica. É extremamente difícil para o actual governo, que é um governo sem grande crédito, resolver o assunto. Estão a querer fazer uma contenção das despesas e da dívida pública e, por outro, os aumentos [salariais] foram negociados antes da inflação - estão desactualizados", descreve o professor jubilado  no Kings College, Hélder Macedo.

O antigo docente do Kings College não tem dúvidas que a saída do Reino Unido na União Europeia agravou a situação económica do país. "O Brexit desencadeou todo este processo, mas é o elefante na sala ninguém fala dele. Falam da guerra na Ucrânia, legitimamente, falam da pandemia, mas ninguém, nem o Partido Trabalhista, que a raiz disto tudo foram as desastrosas negociações do Brexit", acrescenta.

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As instituições e o governo perderam credibilidade, aponta o professor jubilado no Kings College, Hélder Macedo

Esta segunda-feira, 26 de Dezembro, é a vez do Eurostar ficar no cais. Até o rei Carlos III enviou nos primeiros votos de Natal desde a morte de Isabel II, o seu apoio aos paramédicos e enfermeiros, qualificando o período “de grande preocupação e sofrimento”. Em plena crise económica e social no Reino Unido, o rei Carlos III elogiou a "solidariedade" na mensagem de Natal transmitida este domingo, a primeira desde que assumiu o trono.

Mais de um milhão e meio de trabalhadores, principalmente dos serviços públicos, entraram em greve durante este mês de Dezembro de 2022 para exigir aumentos salariais, numa mobilização considerada histórica. Sinal de que a situação económica é grave. Alguns sectores já conquistaram mais direitos, como é o caso dos advogados que obtiveram aumento de 15% dos salários, bem como os motoristas de autocarros em Kent.

Algumas empresas optaram por começar os saldos antes do tempo, uma vez que os clientes estão em reticentes em fazer compras este ano. Em causa, a inflação que atingiu 10,7% em Novembro, bem como a greve de transportes. Esta segunda-feira, um dia depois do Natal, muitos comboios não circulam.

No dia seguinte ao natal, conhecida por Boxing Day, os britânicos correm para as lojas. Este ano, os comerciantes  temem pela ausência de clientes por causa da inflação e principalmente das greves dos transportes. "A tradição do Boxing Day é o dia feriado depois do natal, uma tradição muito britânica, era um dia de repouso depois das festividades de natal. Actualmente tornou-se um dia de salva-vidas, as lojas estão abertas. A greve de transportes dificulta a vida tremendamente. As pessoas não só tiveram o natal afectado por não poderem viajar para ver as famílias", lembra o professor jubilado  no Kings College, Hélder Macedo.

"Houve o medo causado pela greve dos enfermeiros e assistentes sociais porque nesta altura há sempre muitas gripes. É uma crise não só económica e social. Os britânicos lá vão às compras, mas de forma reduzida e desesperada", concluiu.

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Hélder Macedo, professor jubilado no Kings College, descreve um sentimento de caos que se sente no Reino Unido

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