Prémio Sakharov representa "dimensão de esperança" para povo ucraniano

O Parlamento Europeu decidiu atribuir, esta quarta-feira, o prémio Sakharov, para a Liberdade de Pensamento, ao "corajoso povo ucraniano", numa cerimónia que teve lugar em Estrasburgo. Esta instituição europeia presta assim homenagem aos cidadãos ucranianos, que vivem, desde fevereiro deste ano, os efeitos de uma guerra levada a cabo pela Rússia.

Guerra na Ucrânia, quatro meses de conflito AP - Olivier Matthys

Paulo Rangel, eurodeputado do Partido Popular Europeu, a maior bancada no hemiciclo de Estrasburgo, falou com a RFI sobre a importância deste prémio e salientou que existem duas dimensões fundamentais.

"Em primeiro lugar, uma dimensão de reconhecimento da bravura, da determinação, desta força interior que o povo ucraniano tem, seja, primeiro na resistência à invasão russa, depois na capacidade na capacidade de lutar com um exército muito desigual e também de suportar enormes perdas, humanas e materiais", começou por explicar.

O representante europeu explicou depois que este prémio encerra em si uma dimensão de esperança para o povo ucraniano.

"Há uma segunda dimensão, que é uma dimensão de esperança e de, no fundo, dar um horizonte de futuro aos ucranianos. No fundo é o reconhecimento de que a sua luta, como tantos outros prémios Sakharov - que normalmente é atribuído quando as pessoas estão presas, quando as pessoas estão sob pressão ou até mesmo sob perseguição - e que viram no prémio Sakharov um meio de divulgação internacional da sua causa", referiu ainda.

Paulo Rangel reiterou também o facto deste prémio criar constituir "uma esperança, um horizonte e uma expectativa", que pode "não só dar ânimo para a luta actual", mas também dar "uma perspectiva sobre o que pode ser o futuro de uma Ucrânia democrática, liberal, europeia e próspera".

Ouça aqui o extracto de Paulo Rangel:

01:15

Paulo Rangel sobre prémio Sakharov, 14-12-2022

No Twitter, Roberta Metsola, Presidente do Parlamento Europeu, realçou que este prémio é dedicado a todos os ucranianos "que nunca desistem".

"Em 2022, o povo corajoso da Ucrânia levantou-se para fazer valer a sua posição, lutando por uma guerra de independência, uma guerra de valores. Homens e mulheres corajosos que nunca desistem. É por isso que os honramos com o prémio Sakharov e é por isso que o nosso apoio permanece inabalável", salientou.

In 2022, the brave people of Ukraine have stood up to be counted.

Fighting a war of independence, a war of values.

Courageous men & women who never give up.

That is why we honour you with the #SakharovPrize.

That is why our support remains unwavering. https://t.co/Yap4ua3pv2

— Roberta Metsola (@EP_President) December 14, 2022

 

Por sua vez, Ursula Von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia, também já reagiu no Twitter e parabenizou o povo ucraniano, reiterando o apoio da União Europeia à Ucrânia.

"Parabéns ao povo da Ucrânia, representado pelo seu Presidente Zelensky. O seu espírito e determinação para lutar pelos valores que nos são caros é uma inspiração para todos nós. A UE está com o corajoso povo ucraniano.  Agora e durante o tempo que for preciso", disse Ursula Von der Leyen.

Congratulations to the people of Ukraine, represented by their President @ZelenskyyUa

Their spirit and determination to fight for the values we hold dear is an inspiration to us all.

The EU stands with the brave Ukrainian people.

Now and for as long as it takes. https://t.co/SIsnULZh2m

— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) October 19, 2022

Zelensky recebe o prémio e volta a pedir criação de tribunal especial

Volodymyr Zelensky, Presidente da Ucrânia, recebeu o prémio em nome do povo ucraniano e aproveitou o momento para voltar a pedir que seja criado um tribunal para julgar os crimes de guerra cometidos pela Rússia.

"Não podemos esperar pelo fim da guerra para levar a julgamento todos aqueles que a começaram", disse o chefe de Estado ucraniano, em videoconferência.

Zelensky pediu ainda uma nova "arquitectura de segurança" para que situações semelhantes não se voltem a repetir no seio da Europa.

"A Ucrânia e a Europa têm de alcançar uma nova arquitetura de segurança para garantir a paz internacional e o Estado de direito. Faz parte da nossa obrigação moral", acrescentou.

De salientar que, no ano passado, o mesmo prémio foi atribuído a Alexei Navalny, principal opositor de Vladimir Putin. Em 2020, foi a oposição democrática bielorrussa a receber o galardão.