Espanha e Marrocos retomam relações
O primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez foi recebido esta quinta-feira, 7 de Abril, pelo rei Mohammed VI em Marrocos. Os dois homens "reiteraram o desejo de abrir uma nova etapa nas relações entre os dois países", que estavam afastados há um ano. A normalização das relações acontece depois de Madrid mostrar o seu apoio ao plano de autonomia de Marrocos para o Sahara Ocidental.
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Espanha e Marrocos prometeram "abrir uma nova etapa" nas relações suspensas há um ano, após a mudança de Madrid sobre a questão do Sahara Ocidental, durante a visita a Rabat, do primeiro-ministro Pedro Sánchez.
"Concordamos em definir um roteiro sustentável e ambicioso", disse Pedro Sanchez aos jornalistas, acrescentando que se trata de um "momento histórico".
A normalização das relações acontece depois de Madrid ter decidido apoiar o plano de autonomia de Marrocos para o Sahara Ocidental. O primeiro-ministro espanhol fez questão de reafirmar a posição de Madrid sobre a questão do Sahara, considerando a iniciativa de autonomia marroquina como a base mais séria, realista e credível para a resolução do diferendo.
Poucas horas antes de partir para Rabat, o primeiro-ministro socialista sofreu um revés na Câmara espanhola dos Deputados, que denunciou o abandono da posição "histórica" de neutralidade de Madrid em relação à ex-colônia espanhola.
O conflito no Saara Ocidental opõe Marrocos aos separatistas sarauís da Frente Polisario, apoiada pela Argélia. Enquanto Rabat defende um estatuto de autonomia sob a soberania marroquina, a Frente Polisario apela a um referendo de autodeterminação sob a égide da ONU.
Por sua vez, o diário argelino L'Expression acusou a Espanha de ter "traído o direito legítimo do povo saharaui à sua autodeterminação", denunciando um "o jogo perigoso de Sánchez que veio, sobretudo, agravar as tensões na região".
A visita do líder espanhol, a convite do rei Mohammed VI, insere-se numa "nova etapa de parceria", marcando o fim de uma grave crise diplomática. Como esperado, as duas partes concordaram em implementar "um roteiro abrangendo todas as áreas da parceria".
Entre "assuntos de interesse comum" estão a imigração ilegal, a reabertura de fronteiras e ligações marítimas e o contrabando nos enclaves espanhóis de Ceuta e Melilla, localizados na costa norte de Marrocos.
Há ainda o comércio e o investimento - Espanha é o principal parceiro comercial de Marrocos -, cooperação energética, como o fornecimento de gás natural depois da Argélia ter encerrado o gasoduto Magrebe-Europa, ou mesmo a demarcação das águas territoriais.
Para Madrid, o principal objectivo da retoma das relações com Rabat é assegurar a "cooperação" no controlo da imigração ilegal, enquanto Marrocos, de onde sai a maior parte dos migrantes para Espanha, tem sido regularmente acusado, por muitos observadores, de os utilizar como meio de pressão.
O governo espanhol também espera que Rabat diminua sua reivindicação a Ceuta e Melilla, porém muitos analistas alertam contra a ausência de garantias reais obtidas pelas autoridades espanholas de Marrocos.
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