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Ucrânia

Rússia prudente depois da rejeição das suas exigências pelos EUA e a NATO

A Rússia acolheu com circunspecção a rejeição formal ontem por Washington e pela NATO das suas exigências em termos de segurança no âmbito da crise ucraniana, mas tal como os seus interlocutores, não fechou a porta ao diálogo.

Chefe da diplomacia russa Sergueï Lavrov, em Outubro de 2021.
Chefe da diplomacia russa Sergueï Lavrov, em Outubro de 2021. © AP Photo/Pavel Golovkin, pool
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Nesta quarta-feira, os Estados Unidos e os países da Aliança Atlântica rejeitaram por escrito as exigências de Moscovo que pretende obter "garantias legais" de que a NATO não se vai alargar a mais nenhum país pertencente ao antigo bloco de leste, depois de já se ter expandido à Polónia em 1999 e aos países Bálticos (Letónia, Estónia e Lituânia) em 2004.

A Rússia que vê o possível alargamento da NATO às vizinhas Geórgia e Ucrânia como uma ameaça existencial, tem vindo a concentrar milhares de militares junto da sua fronteira com a Ucrânia mas nega a intenção que lhe é imputada pelos ocidentais de invadir o seu vizinho, depois de já ter anexado a região ucraniana da Crimeia em 2014.

"Não podemos dizer que os nossos pontos de vista foram levados em consideração, ou que há uma vontade de levar as nossas preocupações em consideração", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta quinta-feira. "A nossa reacção não vai demorar, mas esta reacção não vai acontecer agora, já", acrescentou este responsável.

Por sua vez, ao observar a ausência de "resposta positiva ao ponto principal" levantado por Moscovo, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov não fechou a porta a novas discussões, admitindo que “houve uma reacção (americana) que dá esperança para o início de uma conversa séria sobre questões secundárias".

Com efeito, referindo-se ontem à resposta escrita a Moscovo, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, informou que propôs uma "via diplomática séria" para fazer baixar a tensão, Washington tendo reiterado o seu apelo para que a Rússia não avance numa ofensiva que resultaria em "riscos globais".

Berlim que até agora se mostrava reticente em assumir um posicionamento lapidar sobre a crise ucraniana, disse hoje que a Rússia poderia expor-se a “consequências massivas” em caso de agressão contra a Ucrânia.

Ao dar conta da preparação de um conjunto de sanções ocidentais, a chefe da diplomacia alemã, Annelena Baerbock, confirmou hoje que estas sanções abrangem nomeadamente o gasoduto germano-russo Nord Stream II, infra-estrutura através da qual a Rússia pretende aumentar o seu fornecimento de gás à Europa. Para além da Turquia, antigas repúblicas soviéticas e alguns países asiáticos, a Rússia fornece 40% do gás consumido na UE que é o seu principal cliente.

Neste contexto em que, para já, se mantém o impasse, a Rússia pôde contar com o apoio explícito da China, cujo chefe da diplomacia, Wang Yi, defendeu as "preocupações razoáveis" da Rússia relativamente à sua segurança durante uma conversa telefónica esta quinta-feira com o seu homólogo americano Antony Blinken.

Ontem, a reunião em Paris entre altos-representantes da Rússia e da Ucrânia resultou num "bom sinal" de compromisso por parte dos russos, segundo os diplomatas franceses.

Amanhã, Vladimir Putin vai falar ao telefone com Emmanuel Macron, numa tentativa de encontrar uma resolução para o conflito, enquanto os alemães devem acolher em Fevereiro uma nova reunião. Desenvolvimentos acolhidos de forma positiva hoje pela Ucrânia cujo presidente, Volodymyr Zelensky considerou igualmente satisfatória a resposta dada pelos Estados unidos às exigências russas.

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